Reflexão do Evangelho do dia 30 de Janeiro de 2013
Quarta-feira – 30 de janeiro
Mc 3, 1-20 – Parábola do semeador
Na
introdução à parábola do semeador, o evangelista fala-nos que Jesus “saindo de
casa, sentou-se junto ao mar”. Ele deseja levar os leitores à compreensão de
que Jesus, enviado pelo Pai, saiu de junto de Deus para vir ao mundo. As
primeiras palavras da parábola nos sugerem uma ideia semelhante: “Saiu o
semeador a semear”. Referem-se a Jesus, o Filho de Deus, que vai à multidão e,
no dizer de S. João Crisóstomo, “torna-se mais próximo a nós pela sua
Encarnação”. A semente lançada em terra
é ele mesmo que, mediante sua palavra, busca penetrar cada coração e aí criar
raízes e dar frutos. S. Cirilo de Alexandria assevera que “Jesus é o verdadeiro
Semeador”. Tudo o que há de bom, ele “comunica a nós, terra boa, cuja messe são
os frutos espirituais”.
Delineia-se
a aventura da semente caindo no terreno dos corações humanos. A parábola
alcança, então, sua intenção principal: salientar o destino da semente.
Proveniente do alto, ela germina de acordo com a qualidade de cada terreno. Com
efeito, “uma parte foi lançada à beira do caminho”, terreno “pisado pelos pés
de todos”. Escreve S. Cirilo de Jerusalém: “Grão pronto a ser levado pelos
pássaros, que são os espíritos imundos”. Outra parte das sementes “foi semeada
em lugares pedregosos”. “Não é capaz de criar raízes e logo sucumbe, face à
tribulação ou à perseguição por causa da Palavra”. Significa ter uma fé
superficial. S. Cirilo volta a dizer: “Não há aprofundamento do mistério e sua
piedade é evanescente e sem raiz. Eles são fracos no espírito”. Diz, ainda, a
parábola: “outra parte cai entre os espinhos”. S. Jerônimo comenta: “Os
espinhos representam os corações dos que se tornam escravos dos prazeres e dos
cuidados desse mundo. Sufocam a Palavra de Deus e fragilizam o vigor da
virtude”.
Se alguns grãos não têm sucesso, tal
fato é superado pelo número vertiginoso do tríplice rendimento do grão que
encontra terra boa. Ela produz “fruto à razão de cem, sessenta e trinta por
um”. De fato, a luz divina, ainda que vislumbrada através de uma estreita
fresta, dilata prodigiosamente a alma. Ela transforma-se e, purificada, irradia
justiça, paz e alegria espirituais. Ela produz
frutos em abundância. Então, escreve S. Vicente de Paulo: “À luz da fé percebereis
que os pobres estão no lugar do Filho de Deus que escolheu ser pobre. Tereis os
mesmos sentimentos de Cristo e imitareis aquilo que ele fez; ter cuidado, pelos
indigentes, consolá-los, auxiliá-los, dar-lhes valor”.
Na
conclusão, diz Jesus: “Quem tem ouvidos, ouça”. Forte, solene e conciso apelo.
O terreno corresponde à disposição interior do coração humano. Depende da
acolhida dada à sua Palavra. A responsabilidade cabe a cada pessoa em sua
liberdade. S. João Crisóstomo destaca que “não tem culpa, nem o lavrador, nem a
semente, mas a terra que a recebe, e mesmo assim não por causa da natureza, mas
por força da intenção e da disposição”. S. Basílio Magno pergunta-se: “Como
compreender as palavras de Jesus: ‘Quem tem ouvidos para entender, entenda?’ É
evidente que alguns possuem ouvidos melhores e melhor podem entender as
palavras de Deus. Mas o que dizer dos que não têm tais ouvidos? ‘Surdos, ouvi,
e vós cegos, vede’ (Isaías 42,118). Expressões todas elas usadas em relação ao
homem interior”.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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