Reflexão do Evangelho do dia 24 de Fevereiro de 2013


Domingo – 24 de fevereiro
Lc 9, 28-36 - Transfiguração do Senhor
           
             A vida de Jesus é fonte de inspiração e referência essencial para os cristãos. O mistério da Transfiguração, por exemplo, é a chave para a compreensão da natureza humana e divina de Cristo. S. Beda observa que a “transfiguração aponta de maneira simbólica para algo além dela mesma, conduzindo-nos até à ressurreição final”. A este respeito, escreve S. Leão Magno: “Diante de testemunhas escolhidas, o Senhor desvela sua glória. Com a transfiguração, ele pretende banir do coração deles o escândalo da Cruz, de modo que a humilhação de sua paixão voluntária não perturbasse a fé dos discípulos. Por isso, ele já lhes revela a eminência de sua dignidade escondida”.               O divino Mestre sobe à montanha sabendo o que o aguarda em Jerusalém: a traição, a rejeição e a crucifixão. Move-se pelo desejo de que os Apóstolos compreendam o benefício de crer sem ter visto e possam sentir a grandeza de sua glória, da qual participarão todos os que seriamente o buscam com fé. Escreve Orígenes: “Ele se manifesta aos filhos da luz, que abandonaram as obras das trevas e se revestiram das armas da luz, pois eles tornam-se filhos do dia e andam honestamente como de dia”.
            No Deus-Homem, em quem habita a plenitude da divindade, a luz divina se concentra plenamente. Jesus, resplendor da luz, cuja fonte inexaurível e inefável é o Pai, anseia partilhá-la conosco. No alto da montanha, contemplando a face do Cristo transfigurado, os Apóstolos a vislumbram e, pasmos, querendo perpetuar aquele momento, exclamam: “Façamos três tendas”. Pois, diante deles, encontra-se Jesus falando com Moisés, o grande legislador de Israel, e com Elias, o maior dos profetas.
 Sem abandonar sua humanidade, Jesus permite aos Apóstolos que o contemplem na resplandecente luz eterna de sua divindade. Realidade consoladora e confortante, que leva o Apóstolo Pedro a exclamar: “Rabi, é bom estarmos aqui”. Experiência de união mística com Deus, Luz que se revela aos que o amam. Diz S. Gregório Palamas: “Se o corpo deve tomar parte, com a alma, dos bens inefáveis no século futuro, é certo que também deles deve participar, na medida do possível, desde já”. São as primícias da manifestação final, quando Deus será tudo em todos. Graças à misericórdia divina, os corpos dos bem-aventurados, na medida de sua fé e de suas obras, de sua esperança e de sua caridade, tornar-se-ão semelhantes ao corpo glorioso do Senhor.  
            Portando, a transfiguração impele-nos a buscar Jesus, com fé e reverência. Sua humanidade jamais prescinde de sua divindade, presente nele corporalmente. Ele é o Rei que veio julgar o mundo, o Cristo do fim dos tempos, o do Juízo final. Mas, no alto do monte Tabor, voltando-se para nós, ele engalana-se de luz e prenuncia nosso estado glorioso no céu, onde o brilho da alma, na comunhão com Deus, tornará nossos corpos ressuscitados “gloriosos”, livres dos incômodos terrestres e participantes da Glória de Deus. Então, realizam-se as palavras do Apóstolo: “Cristo em vós, esperança da Glória” (Col 1,27).

Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM

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