Reflexão do Evangelho do dia 19 de Fevereiro de 2013
Terça-feira
– 19 de fevereiro
Mt 6, 7-15 –
A oração do Pai-Nosso
Os judeus
prescreviam a oração formal três vezes ao dia. Os rabinos tinham uma oração
específica para cada ocasião. Por sua vez, Jesus é um homem de oração
constante. Porém, alerta os discípulos contra todo tipo de formalismo, que
conferiria à oração certo cunho impessoal e mecânico. Cromácio de Aquileia
lembra que, “segundo as palavras do Mestre, nossa oração não é medida pela
prolixidade de palavras, mas pela fé do coração e pelas obras de justiça”. S.
Cirilo de Alexandria destaca que, “a loquacidade, será chamada de ‘battologia’,
palavra proveniente do nome de um grego chamado Batto, autor de longos hinos,
prolixos e cheios de repetições, em honra dos ídolos. Ao contrário, Jesus ordena
orar com brevidade, sóbria e sucintamente, pois Deus conhece nossas
necessidades antes mesmo que as exponhamos”.
A pedido dos
Apóstolos, Jesus comunica-lhes sua prece filial, a oração do Pai-Nosso.
Preciosa herança, conservada pela Igreja, que a transmite, solenemente, por
ocasião do batismo. Ela exorta o batizado a renovar em seu coração o santo
mistério da oração do Senhor. O Apóstolo S. Paulo invoca a “tradição” de
dizê-la na celebração eucarística. O próprio Jesus oferece constantes exemplos
e belos ensinamentos a respeito da vida de oração, característica essencial dos
que desejam entrar no Reino dos Céus.
A Tradição não deixa de citá-la. A Didaqué
(anos 60-80), antes de transcrever o Pai-Nosso, determina: “Assim orareis três
vezes ao dia”. A recomendação de “entregar” esta oração aos catecúmenos,
comentando-a, é feita por muitos Padres, entre os quais Tertuliano, S. Cirilo
de Jerusalém, S. Agostinho e S. Pedro Crisólogo. S. Cipriano, por exemplo, tece
comentários a respeito do Pai-Nosso, lembrando que ao se dizer: “Santificado
seja o vosso nome, não dizemos ser Deus santificado por nossas orações, mas
pedimos ao Senhor que o seu nome seja santificado em nós”. Desejamos ser uma
proclamação de fé e ter uma vida voltada para Deus, no cumprimento de sua santíssima
vontade. Deste modo, estaremos santificando o nome de Deus e abrindo o coração
aos nossos semelhantes. De fato, na oração dominical não dizemos “meu” Pai, mas
“nosso” Pai, e suplicamos “nosso” pão de cada dia. Imploramos o perdão de
nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores (aos que nos
ofenderam). Por conseguinte, ao rezar o Pai-Nosso o discípulo de Jesus recorda
que Deus o ama e, mergulhado em sua inefável misericórdia, abandona todo
egoísmo e se abre à comunhão com os irmãos, no perdão e no amor.
S.
Agostinho considera que, assim como no Símbolo dos Apóstolos se professam as
verdades da fé cristã, no Pai-Nosso se proclama a virtude teologal da
esperança, à qual se segue a caridade. “A confissão de fé está contida
brevemente no Símbolo. A oração do Pai-Nosso, sob o ponto de vista material, é
alimento dos pequenos. No entanto, contemplada e tratada espiritualmente, ela é
alimento dos fortes, pois permite nascer nos fiéis a nova esperança à qual
acompanha a santa caridade”. E acrescenta o bispo de Hipona: “Por conseguinte,
só a Deus devemos pedir a força espiritual esperada para fazer o bem e para
alcançar o fruto das boas obras”.
Pela oração
assídua do Pai-Nosso, será fortalecida nossa comunhão com Deus e com a sua
santíssima vontade. Ela nos conduzirá a tudo esperar de Deus, colocando-nos no
serviço generoso e despretensioso aos nossos semelhantes.
Dom Fernando
Antônio Figueiredo, OFM
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