Reflexão do Evangelho do dia 16 de Fevereiro de 2013
Sábado – 16 de fevereiro
Lc 5, 27-32 - Vocação de Mateus
Jesus se encontra em
Cafarnaum, cidade buliçosa, situada na rota de Damasco. Razão da presença aí de
aduanas e dos respectivos cobradores de impostos. São os publicanos (telovai),
dentre os quais se encontra Mateus, nome hebraico, provavelmente abreviação de
Matatías, que significa “dom de Deus”. Jesus o chama. Na vocação de Mateus, a
Tradição patrística e a literatura ascética destacam dois aspectos
fundamentais: o apelo gratuito e eficaz do Senhor e a resposta pronta e
incondicional de Mateus. A primeira revela a bondade e o poder do Mestre, a
segunda aponta para a acolhida e disponibilidade do Apóstolo. Jesus, segundo S.
Beda o venerável, “viu mais com os olhos interiores do seu amor do que com os
olhos corporais. Jesus viu o publicano e, porque o amou, o escolheu, e lhe
disse: Segue-me, isto é, imita-me. Ele o segue, menos com seus passos, mas
muito mais com seu modo de agir, pois quem está em Cristo, anda de contínuo
como ele andou”.
Jesus chama-o e Mateus
o segue. Comenta S. Jerônimo: “Mateus diz ser um publicano para mostrar que
ninguém deve se desesperar sobre sua salvação. Importante é se converter para
uma vida melhor. De publicano, ele é transformado em apóstolo, bastando um chamado
do Senhor”. Ele se torna seguidor do
Mestre e vive em sua intimidade. De fato, levantando-se, ele acompanha Jesus,
numa correspondência exata e imediata da resposta ao apelo, sinal que ela é sem
reticência ou hesitação. Essa sua atitude, como a de Pedro e a dos demais
apóstolos, que deixando tudo o seguem, vai permitir-lhe a presença e a ação da
graça. A alegria inesperada e pascal de estar com Jesus reflete-se no Evangelho,
escrito por ele. É a primavera de Deus manifestada ao paralítico: “Levanta-te, teus
pecados te são perdoados”. E a Mateus: “Vem e segue-me”. Escreve S. João
Crisóstomo: “Jesus, que conhece os secretos pensamentos de cada pessoa, sabe o
momento em que cada um de nós está pronto para escutar o seu chamado”.
Ao chamado de Jesus
segue-se a ceia oferecida por Mateus. À ceia foram “muitos publicanos e
pecadores, que se sentaram à mesa com Jesus e os Apóstolos”. Os fariseus ficam
consternados. Como poderia o Mestre comer com tais pessoas? A resposta é clara
e tocante. Soa como um forte apelo à conversão: “Não são os que têm saúde que
precisam de médico, mas sim os doentes. Ide, pois, e aprendei o que significa: misericórdia
é que eu quero, e não sacrifício. Com efeito, eu não vim chamar os justos, mas os
pecadores”. Certa ironia se reflete nas palavras de Jesus, pois os fariseus se
julgavam justos e Jesus dá, justamente, preferência aos pecadores. Desejo
profundo e ardente de levar todos à prática da misericórdia e a não se
prenderem às observâncias externas da Lei, mas a viverem a compaixão
misericordiosa no cuidado dos pobres e pecadores.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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