Reflexão do Evangelho do dia 10 de Junho de 2013
Segunda-feira – 10 de junho
Mt 5, 1-12 - As bem-aventuranças
O termo grego “makários” (feliz), que
corresponde a “baruk”, em hebraico, é empregado para expressar a outrem paz,
felicidade e bênção. No presente relato, ao longo do discurso das “bem-aventuranças”,
o termo é repetido oito vezes para designar o ideal do verdadeiro discípulo de
Jesus: sua serenidade no tempo presente e a felicidade eterna na visão de Deus.
Em suas palavras iniciais, Jesus convida
os discípulos a alçarem seus olhos ao céu, no intuito, comenta Orígenes, “de
fazê-los elevar seus pensamentos para o alto”. Seu anseio é torná-los felizes
nesta terra e, especialmente, conduzi-los à bem-aventurança perfeita do céu, já
participada aqui e agora, em meio aos sofrimentos e perseguições. Em suas “Oito
homilias sobre as bem-aventuranças”, S. Gregório de Nissa escreve: “A
bem-aventurança é a vida pura e sem mistura. Ela é o bem inefável,
inconcebível, a inexprimível beleza, o poder que está acima de tudo, o único
desejo, a realidade sem declínio, a exaltação sem fim”.
Composição em prosa ritmada, elas
estabelecem as condições indispensáveis para participar do reino messiânico e
declaram o cumprimento das promessas da aliança feitas por Deus. Por essa
razão, elas são consideradas a Carta Magna do cristianismo. As quatro primeiras
bem-aventuranças expressam a esperança da restauração do domínio de Deus ou do
seu reinado. Os que têm fome e sede de justiça, os pobres em espírito (anawe
ruah), serão saciados, e os aflitos, maltratados e abatidos serão consolados.
Elas indicam a dependência do discípulo em relação à graça de Deus. As quatro
seguintes bem-aventuranças proclamam o amor fiel (hesed) dos que ouvem e
observam os ensinamentos do Senhor.
Nelas encontra-se a resposta humana ao
amor de Deus, fundamento da salvação e da libertação proclamada por Isaías. São
um grito de esperança, pois por elas os discípulos vivem a liberdade interior e
experimentam a serenidade, mesmo em meio às injúrias e sofrimentos. Realiza-se
a recompensa prometida por Jesus: “Alegrai-vos naquele dia e exultai, porque no
céu será grande a vossa recompensa”. A criatura humana é, então, restaurada em
sua liberdade fundamental, anunciada pela tradição profética. Pois só quem é interiormente
livre poderá vivê-las intensamente. Este será misericordioso, puro de coração,
promotor da paz e, permanecendo unido a Cristo, assemelhar-se-á a ele, em sua
humildade e grandeza de espírito. Sua vida proclamará o cumprimento do reinado
de Deus, apenas iniciado com a vinda de Jesus.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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