Reflexão do Evangelho do dia 19 de Junho de 2013

Quarta-feira – 19 de junho
Mt 6, 1-6.16-18: A esmola em segredo
         
          Para os judeus, a oração, o jejum e a vigilância eram as colunas mestras da vida religiosa e constituíam os sinais característicos da pessoa piedosa. Porém, no tempo de Jesus, muitos os praticavam com o simples intuito de se mostrarem justos, sem um correlato interior. Era pura ostentação. Para Jesus, a verdadeira piedade é mais do que parecer bom ou santo. Na paciência do amor, ele adverte: “Guardai-vos de praticar a vossa justiça diante dos homens para serdes vistos por eles”. Ao invés, para evitar uma piedade puramente formal, ele aponta como referência essencial de suas ações: Deus e os irmãos.   
Por isso, para os discípulos, a vanglória ou a vaidade, jamais serão parâmetros de suas atividades. Nas obras realizadas por eles resplandecerá a glória de Deus, pois o que fazem é diante de Deus e não para serem vistos pelos homens. Comenta S. João Crisóstomo, referindo-se às palavras do Senhor sobre a esmola: “Uma pessoa pode de fato dar esmola diante dos homens, sem ter a intenção de ser vista. Como também pode dar esmola em segredo, mas desejando ser vista pelos homens. Por isso o Senhor não considera só o ato de dar esmola em si mesmo, mas acrescenta a vontade presente no ato de dá-la. O que conta mesmo é a vontade que acarreta punição ou recompensa”. A questão crucial é a liberdade optativa. Graças ao exercício do querer reto, justo e puro, ela provoca o movimento da vontade no caminho da perfeição.    
Nesse sentido, S. Gregório de Nissa pergunta: “Desejas uma glória imortal? Mostra tua vida, no segredo, àquele que é suficientemente poderoso para proporcionar a glória que desejas. Tens medo de uma vergonha eterna? Tema aquele que manifestará tua vergonha, no Dia do Julgamento”. Escreve um autor anônimo, nos primeiros anos da vida da Igreja: “Deus reside no segredo do coração e não num lugar secreto. É o próprio Deus que revela o bem realizado nesta vida e na outra glorificará quem o fez, pois a glória é de Deus”. 
          Por conseguinte, as exortações e recomendações do Senhor têm um objetivo preciso: conduzir os discípulos à comunhão com Deus para viverem, na gratuidade, sua vida escondida no mistério do amor divino. Pois é no silêncio da alma, “no segredo do coração”, que nos encontramos com o Filho unigênito do Pai eterno, no qual vivemos e, realmente, rezamos, jejuamos e damos esmola. Movem-nos uma fé viva, uma esperança firme e uma caridade ardente.


Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM

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