Reflexão do Evangelho do dia 13 de Junho de 2013
Quinta-feira
– 13 de junho
Mt 5, 20-26: A nova
justiça é superior à antiga
De modo solene, Jesus proclama: “Quem
matar será réu de julgamento” (v.21). Este
estará agindo contra a dignidade da pessoa humana e, particularmente, contra
Deus, “à imagem do qual” todo ser humano foi criado. Exclama s. Irineu: “A
glória de Deus é a vida do homem”. S. Gregório de Nissa fala do homem como
“presença da inefável divindade”, lugar em que Deus vem habitar, limite entre o
visível e o invisível. A proibição de
matar não é “ciúme” de Deus, mas sim desejo do homem de “apoderar-se do que é
de Deus, sem Deus”. Matar o próximo é romper com a fraternidade humana,
realidade valiosa, porta de entrada da graça divina. Quem o faz, abala as bases
da vida humana em sociedade.
Sem diminuir o mandamento, Jesus o
supera ao transmitir o amor criativo para que, compreendendo o seu destino, o
homem eleve seu pensar e seu agir à beleza e à harmonia do mistério da vida. A grandeza
da vida está em assumir a responsabilidade e o verdadeiro amor a si e ao
próximo. O pecado não é exacerbado, mas situado no plano primário de Deus, que
consiste em restaurar o homem e levá-lo à comunhão fraterna. O amor, a
paciência e o perdão, dons divinos, dilatam o seu coração e ele passa a compreender,
em seu íntimo, que mesmo “quem se encolerizar contra o seu irmão, terá de
responder em juízo” (v.22).
A ira, a cólera e outros atos contra o
irmão têm sua raiz no coração humano e, de algum modo, expressam o orgulho e a
vaidade, pecados que maculam o homem, que, no dizer de S. Gregório de Nissa, “tem
seu ser no não ser”. O Senhor ultrapassa o equilíbrio entre crime e castigo e
seu olhar alcança a intenção oculta no coração humano. Lá se origina o pecado
que, como uma semente, cresce e se desenvolve, pouco a pouco, a menos que não seja
superado e destruído pela graça de Deus, fogo da divindade, que penetra seu
coração, acrisolando os vícios e o pecado para estabelecer nele a vitória do
amor e da força vivificante de Deus. Desse modo, o divino Mestre, de modo
direto e compassivo, conduz-nos à fonte originária da vida cristã, a caridade.
Ele não vacila. Suas palavras são firmes e pautam, com rigor, o agir humano,
para que o bem seja praticado reciprocamente e todos acolham o amor com
confiança e humildade. A todos ele concede o antídoto contra o pecado: a
misericórdia, a bondade e a paciência nascidas de um coração pleno de amor e de
perdão. Porque o contrário, tirar a vida de alguém ou se encolerizar contra um
irmão, é impensável. S. Agostinho dirá: “Vivamos o amor e façamos o que
quiser”. Pois quem ama jamais ofenderá o irmão e não deixará de corresponder às
exigências do Evangelho. S. João Crisóstomo exclama: “Ó admirável bondade de
Deus! Ó amor, que vai além de nossos pensamentos! Ele descuida da honra que lhe
é devida, para salvar a caridade que devemos ter para com o próximo. Ele mostra
que as advertências, apenas pronunciadas, não se originam da aversão e muito
menos do desejo de punir, mas do imenso amor que ele nutre pelos homens”.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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