Reflexão do Evangelho do dia 17 de Junho de 2013

Segunda-feira – 17 de junho
Mt 5, 38-42: Olho por olho e dente por dente
         
          Soa-nos estranha a prática da vingança sancionada pelo código mosaico: “olho por olho e dente por dente”. Ela é suavizada pela lei romana do “talião”, ao determinar que a compensação não exceda ao dano. Mesmo assim, tal interpretação não corresponde ao objetivo próprio da Lei, cuja intenção é frear o ímpeto da vingança pessoal e levar à santidade de vida. Embora, como observa S. Agostinho, “o referido preceito já expresse perdoar um pouco e indique o início de uma justiça misericordiosa”.
          Esse raio de luz, presente na antiga Lei, nos conduz ao esplendor da luz divina, o Filho de Deus encarnado. Nele, a morte é vencida e não há mais necessidade de inimigos, ninguém se sente separado. O critério espiritual, do encontro com o Senhor, leva-nos a amar até nossos inimigos. Tornam-se, então, compreensíveis as palavras do Mestre: “Eu vim não para abolir a Lei, mas sim para aperfeiçoá-la”. A violência perde o seu ímpeto e é colhida “nas redes da paciente caridade”, e cumpre-se em nós o preceito do Senhor: “Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem”.
          O Senhor ausculta o coração de seus ouvintes e reconhece que a reação humana imediata é revidar a ofensa recebida. Por isso, para esclarecer e confirmar o que acabara de dizer, ele lhes expõe breves, mas significativos exemplos. No vigor de suas palavras, ele se refere a alguém que levou uma bofetada na face e sente-se atingido em sua honra. Seu outro braço já está preparado para revidar, mas Jesus lhe diz: “oferece-lhe a outra face”. “Àquele que quer pleitear contigo, para tomar-te a túnica, deixa-lhe também a veste; e se alguém te obriga a andar uma milha, caminha com ele duas”.
Este caminho foi seguido por Jesus à custa de sua própria vida. Mas sua voz não cessa de clamar, atitude evangélica, a mais realista, pois ele não permite juntar mal ao mal, gerando, assim, um novo mal. Aos olhos dos discípulos, ele desdobra o mandamento do amor generoso e gratuito. Pois só quem encontra na cruz a fé, vitória sobre o mal, poderá seguir seus passos e trilhar o caminho do amor a ponto de sacrificar tudo, mesmo sua vida. S. Hilário de Poitiers declara: “Jesus nos mostra a necessidade de distribuir a graça que recebemos, para que seja gratuita a distribuição de um bem gratuito. A quem pede emprestado, não recusemos o que o próprio Deus nos empresta”. Doar-se generosamente é vencer o mal com o bem, e é concretizar, no seu agir, o mandamento do amor fraterno.


Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM

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