Reflexão do Evangelho do dia 12 de Junho de 2013
Quarta-feira – 12 de junho
Mt 5, 17-19 - Cumprimento da Lei
Jesus acaba de falar das “boas obras”
e da obediência ao Pai. Para os fariseus, a frutuosa resposta à vontade do Pai
seria o cumprimento da Lei entregue a Moisés no Sinai. Porém, eles exacerbavam
a submissão à Lei, de tal modo que a liberdade, sem vínculos significativos e
espirituais, assumia feições de escravidão. Para o Senhor, ao contrário, o
pressuposto sempre foi a ação livre, jamais admitindo o determinismo no agir,
que diluiria a responsabilidade pessoal. Por isso, de modo solene, “em verdade
vos digo”, Jesus expõe seu posicionamento em relação à Lei, aos Profetas e, por
conseguinte, em relação a todo o Antigo Testamento.
Postulando aos ouvintes que acolhessem
o Reino de Deus, o Senhor diz ter vindo em nome do Pai para cumprir uma missão.
Missão que consiste não em ab-rogar a Lei, mas em cumpri-la. A Lei e os
Profetas atingem em Jesus sua realização plena, sua expressão mais perfeita.
Escreve S. Hilário de Poitiers: “Ele proclama, de modo claro e vigoroso, que a
obra da Lei é superada. Ele não a abole, mas a supera com um aperfeiçoamento
progressivo. Nesse sentido, Jesus declara que os Apóstolos só entrarão no Reino
dos Céus caso superem a justiça dos fariseus. E, após expor as prescrições da
Lei, ele as supera aperfeiçoando-as, sem aboli-las”.
Aos discípulos ele alerta para não se
deixarem levar por uma compreensão muito estrita da Lei. Também os acautela
contra o extremo oposto: julgar que o Evangelho os dispensasse da Lei. Para além
de sua “letra”, a Lei é confirmada, não abolida. Ela é transformada e
interiorizada, tornando-se ainda mais exigente. Dirá S. Antônio de Pádua: “A
palavra é viva quando são as obras que falam. Cessem, portanto, os discursos e
falem as obras”. S. Agostinho exclama: “Ama e faze o que queres. Ama! Equipara
tua vontade àquela do Amado: fazer o que queres será fazer o que Ele quer!” E
nós todos, “refletindo como espelho a glória do Senhor, sem nenhum véu, seremos
transformados, na glória sempre mais resplandecente, pela força do Senhor que é
o Espírito Santo” (Responsório de 13.03.2012).
Como os fariseus, a visão dos
Apóstolos estava encoberta e seus corações obscurecidos. O Mestre retira o
“véu”, que os encobre, e conduz os Apóstolos ao alto do monte Tabor, onde
maravilhados, eles contemplam a glória do Filho de Deus e participam da luz
divina. O esplendor do amor divino ilumina seus corações e lhes é dado
compreender o sentido do Evangelho do Reino de Deus. Eles jamais deixarão de
anunciá-lo. S. Paulo alude aos judeus que, no seu dizer, “até hoje, sempre que
eles leem Moisés, o véu persiste estendido sobre seus corações; mas, cada vez
que alguém se converte ao Senhor, é tirado o véu” (2Cor 3,16). Teófilo de
Antioquia comenta: “Em verdade, Deus é visível para aqueles que são capazes de
vê-lo, porque mantêm abertos os olhos da alma. Pois os olhos da alma podem
estar velados pelos pecados e pelas más ações”. Como S. Antônio, uma súplica
brota do nosso coração: “Senhor, que sejamos repletos de um profundo espírito
de contrição e nos inflamemos com essas línguas de fogo que são os louvores
divinos. Desse modo, ardentes e iluminados pelos esplendores da santidade
mereceremos ver o Deus Uno e Trino”.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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