Reflexão do Evangelho do dia 20 de Junho de 2013
Quinta-feira – 20 de junho
Mt 6, 7-15: A oração do Pai-Nosso
Os judeus prescreviam a oração formal
três vezes ao dia. Os rabinos tinham uma oração específica para cada ocasião.
Por sua vez, Jesus, homem de oração constante, alerta os discípulos contra todo
tipo de formalismo, que confere à oração certo cunho impessoal e mecânico.
Cromácio de Aquileia lembra que, “segundo as palavras do Mestre, nossa oração
não é medida pela prolixidade de palavras, mas pela fé do coração e pelas obras
de justiça”. S. Cirilo de Alexandria destaca que, “a loquacidade, será chamada
de ‘battologia’, palavra proveniente do nome de um grego chamado Batto, autor
de longos hinos, prolixos e cheios de repetições, em honra dos ídolos. Ao
contrário, Jesus ordena orar com brevidade, sóbria e sucintamente, pois Deus
conhece nossas necessidades antes mesmo que as exponhamos”.
A pedido dos Apóstolos, Jesus
comunica-lhes sua prece filial, a oração do Pai-Nosso. Preciosa herança,
conservada pela Igreja, que a transmite, solenemente, por ocasião do batismo,
momento em que o batizado é exortado a renovar em seu coração o santo mistério
da oração do Senhor. O Apóstolo S. Paulo invoca a “tradição” de dizê-la na
celebração eucarística. O próprio Jesus oferece constantes exemplos e belos
ensinamentos a respeito da vida de oração, característica essencial dos que
desejam entrar no Reino dos Céus.
A Tradição não deixa de citá-la. A Didaqué
(anos 60-80), antes de transcrever o Pai-Nosso, determina: “Assim orareis três
vezes ao dia”. A recomendação de “entregar” esta oração aos catecúmenos,
comentando-a, é feita por muitos Padres, entre os quais Tertuliano, S. Cirilo
de Jerusalém, S. Agostinho e S. Pedro Crisólogo. S. Cipriano, por exemplo, tece
comentários a respeito do Pai-Nosso, lembrando que ao se dizer: “Santificado
seja o vosso nome, não dizemos ser Deus santificado por nossas orações, mas
pedimos ao Senhor que o seu nome seja santificado em nós”. Desejamos ser uma
proclamação de fé e ter uma vida voltada para Deus, no cumprimento de sua santíssima
vontade. Deste modo, estaremos santificando o nome de Deus e abrindo o coração
aos nossos semelhantes. De fato, na oração dominical não dizemos “meu” Pai, mas
“nosso” Pai, e suplicamos “nosso” pão de cada dia. Imploramos o perdão de
nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores (aos que nos
ofenderam). Por conseguinte, ao rezar o Pai-Nosso o discípulo de Jesus recorda
que Deus o ama e, mergulhado em sua inefável misericórdia, abandona todo
egoísmo e se abre à comunhão com os irmãos, no perdão e no amor.
S. Agostinho considera que, assim como
no Símbolo dos Apóstolos se professam as verdades da fé cristã, no Pai-Nosso se
proclama a virtude teologal da esperança, à qual se segue a caridade. “A
confissão de fé está contida brevemente no Símbolo. A oração do Pai-Nosso, sob
o ponto de vista material, é alimento dos pequenos. No entanto, contemplada e
tratada espiritualmente, ela é alimento dos fortes, pois permite nascer nos
fiéis a nova esperança à qual acompanha a santa caridade”. E acrescenta o bispo
de Hipona: “Por conseguinte, só a Deus devemos pedir a força espiritual
esperada para fazer o bem e para alcançar o fruto das boas obras”.
Pela oração assídua do Pai-Nosso, será
fortalecida nossa comunhão com Deus e com a sua santíssima vontade. Ela nos
conduzirá a tudo esperar de Deus, colocando-nos no serviço generoso e
despretensioso aos nossos semelhantes.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
Comentários
Postar um comentário