Reflexão do Evangelho do dia 25 de Junho de 2013

Terça-feira – 25 de junho
Mt 7, 6.12-14: Não deis aos cães o que é santo

          No relacionamento com o próximo, também com o que é precioso e sagrado, faz-se necessário o dom do discernimento, arte de distinguir e reter o que deve ou não ser feito ou dito. Nesse sentido, o Senhor urge os discípulos para que sejam prudentes e judiciosos, praticando a “regra de ouro”, que os orienta a fazer ao outro o que esperam que ele lhes faça. Dito sapiencial de autoproteção (Tob 4,15), colocado no contexto dos mandamentos de Deus e transformado em ato de amor, do qual dependem “toda a lei e os profetas”.
Jesus alerta igualmente os discípulos sobre o perigo de atentar contra o que é consagrado a Deus, dando aos cães o que é santo ou atirando pérolas aos porcos. Pois, como escreve S. Hilário de Poitiers, “o apelo evangélico visa a não expor os mistérios divinos a quem não os merece ou não está preparado para acolhê-los”. Evitando correr atrás dos falsos profetas, empenhem-se os discípulos em cumprir a vontade do Pai, porque não se pode seguir na vida de modo indeciso. A eles, abrem-se dois caminhos possíveis, o primeiro passa por uma porta larga e os conduz ao caminho da perdição, o outro lhes dá acesso a uma porta estreita e os leva ao caminho apertado da Vida. O caminho largo é descrito por S. Jerônimo como sendo “o apego aos bens do mundo que os homens cobiçam”, enquanto o caminho apertado “aponta para o desprendimento” e requer esforço, renúncia e sacrifícios. Unido à perseguição, poucos se dispõem a trilhá-lo.
          No entanto, para que não se sintam desanimados, Jesus os encoraja a entrar pela porta estreita e não simplesmente seguir a multidão ou ceder às solicitações do pecado e do mal. Anima-os a certeza de que Jesus veio não para condenar, mas sim para salvá-los, sólido fundamento de sua esperança. Ouvindo tais exortações de Jesus, S. Bento estimula os monges a não fugirem, logo apavorados, “abandonando o caminho da salvação, no qual só se pode entrar por uma porta estreita. Pois, diz ele, na medida em que se avança na vida monástica ou cristã e na fé, o coração se dilata, para percorrer, na indizível doçura do amor, o caminho dos ensinamentos divinos”. Proposição paradoxal. Se o caminho e a porta são estreitos, porém, ao entrar e ao se comprometer, o coração se dilata no encontro com Cristo. Ele é a porta, ele é o caminho, que como bom Pastor nos toma em seus braços e nos sustenta e nos conduz. Cabe a nós a responsabilidade da escolha, cientes de que o caminho estreito, como observa S. Agostinho, “só pode ser trilhado pelos corações humildes e pacíficos”.


Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM

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