Reflexão do Evangelho de Sexta-feira 17 de julho
Reflexão do Evangelho
de Sexta-feira 17 de julho
Mt 12, 1-8 - A colheita
das espigas
O Sábado encerra o ritmo sacro da semana com
um dia de encontro cultual e de repouso para todos, escravos e livres. Ele é,
particularmente, um dia reservado à oração e à meditação, alimentos necessários
à alma, e também ocasião para celebrar a bondade de Deus e a grandeza de sua
obra criadora. Mas havia aqueles que o consideravam de modo muito estrito, e
exigiam a sua observância em todo seu rigor. Estes são os escribas e fariseus,
que ficam escandalizados quando veem os discípulos de Jesus, movidos pela fome,
desrespeitar o sábado, colhendo milho para comer.
Diante do protesto dos
fariseus, Jesus pergunta-lhes: “Não lestes o que fez Davi num dia em que teve
fome, ele e seus companheiros, como entrou na casa de Deus e comeu os pães da
proposição?” Ora, um dos rituais do Templo na época de Jesus era o dos doze
pães da proposição, colocados no altar e substituídos todos os sábados por
outros recém-assados. Apenas os sacerdotes podiam comê-los. Com estas palavras,
o Mestre quer deixar claro que, antes de qualquer norma e prescrição legal,
vinha a misericórdia. Aos famintos, que se lhe deem o que comer, mesmo que
sejam espigas de milho colhidas no sábado consagrado ao Senhor: “Porque o Filho
do Homem é senhor também do sábado!”
Jesus não abroga a lei
do sábado, mas censura a importância exagerada e o rigorismo dos fariseus, pois
o sábado não é para ser visto como uma exigência arbitrária e tirânica, mas
como um dia da semana que proclama e recorda a todos a disposição benevolente
de Deus para proteger o homem em sua vida e em seu trabalho. Jesus não incita a
trabalhar no sábado, no entanto, quer fazê-los compreender que o sábado jamais
exclui as obras de caridade e os atos de misericórdia para com o próximo. Por
isso, voltando-se para os fariseus, que hostilizam os discípulos, afirma “que
no dia de sábado é permitido fazer o bem”. Aliás, pouco antes, Ele havia dito:
“O sábado foi feito para o homem, não o homem para o sábado”. Mas parece inútil
esse seu esforço para explicar-lhes que ajudar o próximo é sempre meritório e
agradável aos olhos de Deus. Eles permanecem irredutíveis. Mas sem se
perturbar, logo em seguida, Ele cura a mão atrofiada de um homem que estava na
sinagoga. Isso em pleno sábado.
Assim, as atitudes de
Jesus deixam entrever o Novo, que remete todos, inclusive os fariseus, “à
prática das obras de misericórdia que Deus espera de todos nós” (São Cirilo de
Alexandria). O zelo pela observância do sábado não é motivo de cegueira. Simplesmente,
Jesus coloca acima dele a prática da caridade e do bem. Por conseguinte, não se
despreza o antigo edifício, constrói-se o novo, no qual presidem a caridade, a
fé e a atitude espiritual interior, manifestada na prática do bem e do amor
fraterno.
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