Reflexão do Evangelho - Terça-feira 07 de Julho
Reflexão do
Evangelho - Terça-feira 07 de Julho
Mt 9, 32-38 - A cura de um endemoninhado
Com
a cura do endemoninhado, encerra-se a descrição das obras e dos milagres de
Jesus. Destaca-se também a malévola interpretação de seus inimigos, que “vieram
de Jerusalém”, enviados pelos guardiões da Lei de Moisés, preocupados com a
ortodoxia e o fato de o povo simples acolher os seus ensinamentos. Fechados em
suas convicções, eles não medem esforços para salvaguardar a tradição e encontrar
razões para explicar o que acontecia, chegando mesmo a alegar que Ele expulsava
os demônios de comum acordo com o “príncipe deles”, Beelzebu. Apesar disso, sua
fama se espalhava por toda parte e Ele era seguido por uma multidão de pessoas.
Para Jesus, cada pessoa é preciosa aos seus olhos. Em contraste com
alguns de seus contemporâneos, que praticavam a magia e se declaravam capazes
de exorcizar, Ele utiliza o poder de sua palavra para mostrar abertamente a
todos o rosto de um Deus misericordioso. Ao contrário do desprezo dos fariseus,
Ele transmite ternura e carinho. Não deixava, porém, de exigir dos que o ouviam
uma mudança interior, ou seja, sua conversão, atestada por ações e vivificada
pelo dinamismo do amor.
A propósito dessa
luta interior, Orígenes fala da liberdade concedida por Deus ao homem, “liberdade
que pode conduzi-lo ao cume do bem ou precipitá-lo no abismo do mal”. A luta não
se dá apenas na periferia de nossa vida, em nossos desejos e ações, mas no mais
íntimo de nós mesmos. Combate “mais duro que a batalha de homens” (Rimbaud),
conflito trágico entre o poder do mal e a benevolência divina. Em seu poder,
respeitando a liberdade individual, Jesus dissolve na água viva da sua
misericórdia a calosidade do coração humano, tornando-o sensível à beleza da
criação, aos sofrimentos e às dores do seu semelhante. Assim, libertado do império
do mal, o homem é introduzido no seu Reino de amor, de paz e de justiça.
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