Reflexão do Evangelho do dia 09 de Abril de 2013


Terça-feira – 09 de abril
Jo 3, 7-15: Encontro com Nicodemos (II)
         
          “Não te admires de eu te haver dito: deveis nascer do alto”, comenta Jesus a Nicodemos. Nascer do alto, do Espírito, “é ser espírito e quem nasce da carne é carne”. Nascer do Espírito é não deixar-se determinar pelas realidades terrenas, mas alimentar-se da alegria de uma vida nova, orientada para Deus. S. Paulo dirá aos Romanos: “Revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e não deis atenção à carne para satisfazer as suas paixões”. Quem assim vive compreende e testemunha a mensagem alvissareira do Senhor, numa atitude vigorosa e ardente, já presente nos primeiros cristãos. Aliás, a arte leve e luminosa das catacumbas testemunha essa inspiração espiritual, que mudou, com delicadeza e suavidade, mas de modo profundo e radical, as relações humanas. Quem nasce da carne e nela permanece se enclausura no egoísmo, na ganância e na cobiça, dizem os monges do deserto. Quem nasce da água e do Espírito obtém a adoção de filho de Deus, revelando, diz S. João Crisóstomo, “a abundância da graça que a humanidade tanto espera”.
A Epístola a Diogneto, do século II, sustenta que os cristãos inseridos na sociedade a superam sem dela se afastar ou menosprezá-la. Usam das coisas do mundo, mas em total disponibilidade. “Eles moram na própria pátria, diz a carta, mas como peregrinos. Enquanto cidadãos, de tudo participam, porém tudo suportam como estrangeiros. Toda terra estranha é pátria para eles e toda pátria, terra estranha”. Portanto, não basta a água do batismo, é necessário que o Espírito seja derramado nos corações, conduzindo a um novo nascimento. Vive-se o que antes era desconhecido. Escreve S. Agostinho: “É vida nova que começa no tempo presente pela remissão de todos os pecados passados, e atingirá sua plenitude na ressurreição dos mortos”.
Nascer do alto não é simplesmente falar das realidades celestes e dos múltiplos ensinamentos da Lei. Nem mesmo descrever a missão de Jesus, seus ensinamentos e milagres. É passar pelo batismo na água e no fogo, batismo do Espírito Santo, fonte de renovação total. Do coração de Nicodemos emana uma visão nova, que o vincula às manifestações de Deus, sempre diversas e surpreendentes. A humildade, a simplicidade e a doação generosa de Jesus o convocam à abertura originária de sua vida ao inefável mistério do amor do Pai. No escândalo da cruz, ele lê o “enaltecimento” de Jesus e, atraído por ele, participa da vida divina, integrando-se no “Reino de Deus”.

Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Reflexão do Evangelho de Lc 9, 51-56 - Jesus não é acolhido pelos samaritanos - Terça-feira 30 de Setembro

Reflexão do Evangelho de Jo 7,37-39 - Promessa da água viva - Sábado 07 de Junho

Reflexão do Evangelho de Lc 11, 5-13 – A oração perseverante (amigo importuno) - Quinta-feira 09 de Outubro