Reflexão do Evangelho do dia 11 de Abril de 2013
Quinta-feira – 11 de abril
Jo 3, 31-36: Aquele que vem do alto
No relato bíblico, evidencia-se a
diferença entre Jesus e os enviados “inferiores”, como João Batista, cujas
palavras são humanas e limitadas à realidade terrena. Ao invés deles, Jesus
fala com autoridade divina, pois ele vem do alto, de junto de Deus e está acima
de todos. Acolher a sua Palavra é reconhecer ser ele a Verdade divina, a
própria voz de Deus, dando testemunho “daquilo que viu”. A Epístola aos Hebreus
proclama: “Ele é o resplendor da glória do Pai e a expressão do seu ser” (Hb
1,33). Mas, na vida terrena, sua glória só há de se manifestar no patíbulo da Cruz,
“êxodo” pascal ou ascensão (analèpsis) para o Pai. Aliás, ao anunciar por três
vezes a sua cruz, ele sempre a situa no quadro de seu retorno para o Pai.
Desde toda a eternidade, o Filho é
confirmado pelo Pai, que lhe comunica sua própria essência. E o Filho, marcado
pelo selo de autenticidade, o Espírito Santo, “em sua paixão de amor”
(Orígenes), veio até nós para imprimir, naqueles que creem nele, o mesmo selo
do Espírito divino. Grandeza de sua bondade, a sua vinda expressa a
misericórdia divina, pois, no ardente desejo de nos elevar à filiação divina,
ele nos toma em seus braços e nos insere no grande ritmo trinitário da criação
e da recriação do homem. Pasmo diante do amor do Senhor, S. Máximo exclama: “Ó
maravilha da amizade e da ternura divina para conosco, pois Cristo une no amor
a realidade criada e incriada”. De fato, ao destruir o domínio do pecado, o
Senhor abre-nos, de novo, a via da “deificação”, da participação na vida
divina, sentido último da vida humana. Desde já, somos participantes dos bens
eternos e herdeiros da glória futura.
Uma nobreza singular nos reveste: somos capacitados a conduzir
avante a obra de Deus e assegurar a realização do seu plano de amor, inscrito em
nosso coração. Maravilhado, S. Gregório de Nissa salienta: “À natureza humana é
ínsito o princípio de imortalidade, graças ao qual podemos, em meio às
realidades terrenas, manter-nos no desejo da eternidade”. Muito a propósito,
soam as palavras vigorosas e ao mesmo tempo cativantes do evangelista S. João:
“Aquele que vem do alto está acima de todos; o que é da terra é terrestre fala
sobre coisas da terra. Aquele que vem do céu dá testemunho do que viu e ouviu”.
A entrega total do Filho à vontade de amor do Pai é serena,
levando-o a afrontar e a vencer na cruz as forças da inimizade e do mal. A cruz
será o momento culminante da doação constante de sua vida ao Pai e de seu amor
a toda a humanidade. E nós, “unidos a Jesus, caminhamos atraídos pela indizível
glória celeste” (S. Agostinho), conscientes de que, nas alegrias e sofrimentos,
no sucesso e na hora da morte, ressai, qual forte desígnio de amor, nosso
itinerário para Deus.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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