Reflexão do Evangelho do dia 15 de Abril de 2013


Segunda-feira – 15 de abril
Jo 6, 22-29: Jesus em Cafarnaum

          Entende-se a pregação de Jesus não como uma palavra abstrata, simplesmente informativa, mas como experiência da palavra humana, que estabelece um diálogo vital e pessoal com os seus ouvintes. Em sua peregrinação, Jesus e os Apóstolos entram na cidade de Cafarnaum. “Caphar” significa campo, “naum” consolação ou formoso. E, neste campo de consolação, suas palavras causam impacto, deixando muitos “extasiados com o seu ensino, porque lhes ensinava com autoridade e não como os escribas” (v.22). No dizer de S. Jerônimo, “ele ensinava como Senhor, não se apoiando em outra autoridade superior, mas a partir de si mesmo”. Suas palavras soavam no íntimo de seus corações, convocando-os a uma transformação interior. Ele simplesmente dizia: “Não julgueis para não serdes julgados”. 
          Mas o que impactava era o modo livre de falar, sua liberdade em interpretar a Lei e os profetas. Falava com autoridade (ecsousia). Não se baseava nas opiniões dos rabinos, nem mesmo nas orientações de Moisés ou de algum dos profetas. Reconheciam-no como um legislador divino, falando a partir dele mesmo. Surpreendidos, eles se sentem chamados a buscar um sentido novo de vida, não se prendendo à ambição do querer, nem ao desejo de glórias. Mas, guiados pelo amor inefável de Deus, descobrem-se úteis aos irmãos, aos quais devem servir na generosidade de um coração despretensioso.
A pessoa de Jesus, grandeza de Deus, é reconhecida na história individual de cada um. Sua palavra, por ser verdadeiramente palavra, anuncia uma intervenção pessoal, que leva os ouvintes a encontrar-se com o Deus que “vem do futuro”. Do coração ardente dos discípulos emerge, como resposta, a profissão de fé na encarnação (sárkwsis) de Jesus, como o Messias, e na deificação (théwsis) ou na santificação deles próprios, pois, sendo manifestação de Deus, Jesus veio ao mundo para que o homem se elevasse à plenitude divina e se tornasse partícipe da divindade. Experiência religiosa e mística, presença do homem diante do rosto amoroso de Deus!  
Pasmos, os ouvintes contemplam sua autoridade, presente em seus ensinamentos, em seus milagres e, mesmo, na expulsão de demônios. “Disseram-lhe, então: ‘Que faremos, para trabalhar nas obras de Deus?’ Respondeu-lhes Jesus: A obra de Deus é que acrediteis naquele que ele enviou” (v.28-29) e estabeleçais com ele uma relação íntima e pessoal. 

Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM

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