Reflexão do Evangelho do dia 30 de Abril de 2013
Terça-feira – 30 de abril
Jo 14, 27-31: A paz eu vos deixo, a minha paz vos dou.
A vida humana desenvolve-se sob o signo
da possibilidade mais do que da necessidade. Pois o homem é um ser livre, que
sempre poderá modificar o ponto de partida de seu agir, conferindo-lhe a marca
de “autenticidade”. Mas ele é também livre para optar pelos seus objetivos e
realizações. Enfim, a liberdade o define e lhe confere caráter de criatura
humana. Daí a importância de ele estabelecer comunhão e diálogo para um discernimento
reto e justo e para alimentar a esperança, que lhe descortina horizontes sempre
novos. Caso contrário, ele pode enveredar-se para o egoísmo ou para a arrogante
e irracional negação da esperança eterna.
S. Agostinho fala da angústia e da fragilidade do caminhar
humano. Precariedade da vida. Meditando sobre ela, Agostinho experimenta a mão
misericordiosa de Deus, único uno e indefectível. É o momento de sua conversão,
que a ele se apresenta qual “filha da esperança e renúncia ao desespero”. Pois,
no dizer de S. Irineu, “uma vida sem eternidade é indigna do nome de vida.
Verdadeira é só a vida eterna”.
Convertido, Agostinho lança-se nos braços do Imenso. A
angústia da alma é absorvida pelo sagrado temor ou tremor, e ele é envolvido
pelo afago do amor, que tudo supera. Realidade nova e estupenda. Em seu coração
reina a paz e em sua alma a serenidade. Soam aos seus ouvidos interiores as palavras
de Jesus, dirigidas aos discípulos: “Eu vos deixo a paz, a minha paz vos dou”. A
paz torna-se uma herança, legada por Jesus aos seus seguidores. E ao dizer “a minha
paz”, ela adquire a consistência do próprio Deus. A paz é o próprio Jesus e ele
a dá, entregando-se à morte pela humanidade.
Toda perturbação
é superada, o medo e a ansiedade vencidos. Opondo-se aos desejos mundanos,
mentirosos e vãos, exteriorizados pelos oráculos dos falsos profetas, a paz encontra
raízes na verdade, anunciada por Jesus e conquistada ao preço de seu sangue. A
paz não é uma mera fórmula, mas é um legado e um dom. Ninguém poderá tolhê-la
de nossos corações.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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