Reflexão do Evangelho do dia 07 de Abril de 2013
Domingo – 07 de abril
Jo 20, 19-31: Aparição de Jesus ao Apóstolo Tomé
Em duas outras
ocasiões, transparece o espírito
realista do Apóstolo Tomé. Não significa, de modo algum, que ele tenha sido menos
fiel e menos ligado ao Senhor que os demais Apóstolos. Ao contrário, ao subir a
Jerusalém, ele não hesita em querer seguir Cristo até à morte. Com veemência,
ele assegura: “Vamos também nós, para morrermos com ele!” (Jo 11,16). Se ele
não crê, de imediato, não é porque não deseje. Basta notar sua reação instantânea,
tão logo ele se reencontre com o seu “Senhor”.
Aparecendo
aos Apóstolos, estando Tomé com eles, Jesus lhe mostra suas chagas para que também
ele seja testemunha de sua Ressurreição. Restabelece-se a prioridade do crer
sobre o ver. Inicialmente, sugere-lhe uma verificação sensível: “Põe o teu dedo
aqui e vê minhas mãos! Estende a tua mão e põe-na no meu lado”. Para dizer, em
seguida, fortalecendo a sua fé: “Não sejas incrédulo, mas acredita!”
O olhar de Jesus se torna distante, atravessa
os tempos, e chega até nós. Fixando-nos, ele diz: “Felizes os que crerão sem
ter visto”. Em nossos corações, a fé não é uma realidade extrínseca ou alheia a
nós. Ela se inscreve no mais íntimo do nosso ser como desejo ardente que nos
impele a descobrir a verdade de nossa vida em Deus. Só nele existimos e somos. Por
isso, vamos além das verdades reveladas por Deus, na Bíblia e na Igreja, e, com
S. Tomé, reconhecemos que, em Cristo ressuscitado, a fé é o caminho que nos
conduz ao conhecimento de Deus como Deus.
S.
Leão Magno confessa que “os sinais dos cravos e da lança foram mantidos, para
curar as feridas dos corações incrédulos. Não mais uma fé hesitante, mas, por
um conhecimento seguro, os Apóstolos consideravam firmemente que a mesma natureza,
identicamente a mesma, que fora depositada no sepulcro, estava sentada sobre o
trono junto de Deus Pai”. E, unidos a ele, também nossa natureza já se encontra
junto ao Pai.
O fato de Jesus “vir” revela sua
solicitude e misericórdia pelos Apóstolos e, mais amplamente, por todos os seus
discípulos. Com S. Tomé, dizemos: “Meu Senhor e meu Deus!”. Títulos
propriamente divinos. Declarar Jesus, Senhor e Deus, é reconhecer a
superioridade do crer sobre o ver. Por isso, conclui o Evangelista S. João:
“Estes sinais foram escritos para crerdes que Jesus é o Messias, o Filho de
Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome” (20, 31).
Dom Fernando Antônio Figueiredo,
OFM
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