Reflexão do Evangelho de Jo 15, 18-21- Os discípulos e o mundo - Sábado 24 de Maio
Reflexão do Evangelho
de Jo 15, 18-21- Os discípulos e o mundo
Sábado 24 de Maio
Após
sua partida, seus discípulos deviam passar pelo mesmo batismo do sofrimento e
beberem do mesmo cálice da dor. Por isso, com palavras de carinho e afeto,
Jesus procura fortalecê-los e animá-los. Não irá abandoná-los, em breve Ele
voltará. Cabe aos Apóstolos permanecerem unidos, assim como “eu e o Pai, diz
Ele, somos um só”, pois só assim o mundo crerá que Ele foi enviado pelo Pai,
que ama a todos. Diante destas palavras, eles compreendem que, ao comunicar a
Palavra do Pai, Jesus os torna participantes das riquezas divinas, particularmente,
da unidade dele com o Pai. Se eles fossem do “mundo” e estivessem sujeitos a
ele, então o mundo os acolheria. “Se fôsseis do mundo, diz-lhes o Mestre, o
mundo amaria o que era seu; mas porque não sois do mundo e minha escolha vos
separou do mundo, o mundo, por isso vos odeia”. A melhor tradução aqui seria:
“vos rejeita”. De certa maneira, é o que vemos hoje: as forças dominantes
gostariam de ver a Igreja se curvar aos seus interesses.
Embora não deixe de
alertá-los das perseguições, que eles sofreriam por causa de seu nome, Jesus
manifesta-lhes uma atitude generosa e fecunda, incluindo-os em sua própria
filiação. Assim seus seguidores viverão a fecundidade apostólica da vida
fraterna, em oposição ao mundo que não quer viver o mandamento do amor. O
antagonismo existente entre Jesus e o mundo irá se refletir ao longo da vida
dos Apóstolos, pois a opção feita por eles é clara: definiram-se pela pertença
a Jesus, mesmo sabendo que isto significaria ser rejeitado pelo “mundo”. O
termo “mundo”, empregado pelo evangelista S. João, reflete a ambiguidade do
termo, que se refere a dois “mundos” diversos, um criado por Deus e outro,
contrário às realidades divinas, espelha o ambiente incrédulo daquela época. Neste
sentido, S. Basílio Magno exorta os cristãos a evitarem o mundo “dos homens
vãos e frívolos para estarem unidos a Deus e à sua vontade”, colocando-se em
busca da ‘euthymia’, isto é, da paz e
da felicidade. No mundo, eles serão presença da face humana do Deus-Amor.
Sensibilizados pelas
palavras consoladoras do Mestre, os discípulos compreendem que “o servo não é
maior que seu senhor” e que já não há mais espaço para uma atitude dúbia. Essa
posição, dita de modo claro e inequívoco, era audaciosa até para os discípulos,
e será rejeitada pelos que “não conhecem quem me enviou”. Então o olhar de
Jesus dirige-se aos discípulos no desejo de tranquilizá-los, melhor,
fortalecê-los. Fixando neles seu olhar compassivo, após dizer-lhes que “neste
mundo eles experimentariam a dor”, Jesus acrescenta: “mas tende confiança, eu
venci o mundo” e promete-lhes enviar “de junto do Pai”, o Paráclito, o Espírito
da Verdade, que os manterá firmes no testemunho do Evangelho.
Dom Fernando Antônio
Figueiredo, OFM
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