Reflexão do Evangelho de Jo 16, 16-23 - Anúncio de um breve retorno - Quinta-feira 29 de Maio e Sexta-feira 30 de Maio
Reflexão do Evangelho de Jo 16, 16-23 - Anúncio de um breve
retorno
Quinta-feira 29 de Maio e Sexta-feira 30
de Maio
O tempo está vencido, aproxima-se a
hora de sua partida para junto do Pai. Um silêncio constrangedor domina o
ambiente em que os Apóstolos se encontram. Ouve-se unicamente a voz do Mestre
que os alerta: “Chorareis e vos lamentareis, mas o mundo se alegrará”. Porém, para
confortar seus amigos, Ele acrescenta: “Mas a vossa tristeza se transformará em
alegria”. Confusos e inseguros, tais palavras soavam para eles como um enigma.
Jesus reconhece que eles permanecem ao seu lado só por causa do afeto do
coração. Só mais tarde, eles irão compreender que Jesus aludia à necessidade de
passar pela morte para chegar à ressurreição; referia-se à lei pascal, inserida
no coração de todos os que o amam e o seguem, de modo que a morte corporal, ao
invés de ser o fim último, é a porta de entrada para a feliz e eterna morada de
Deus.
Os acordes dessa alegria e segurança soam
no cântico da liturgia pascal: “Ressuscitado, o Cristo não morre mais”. No
tempo da ausência terrena de Jesus estará presente o Espírito Consolador, a
aflição e a tristeza constituirão então o prelúdio da alegria definitiva. Por
isso, após a Santa Ceia, o discurso de Jesus assume a força de um forte apelo à
alegria, que deverá caracterizar a era messiânica, manifestação da presença do
amor de Deus, que permite aos discípulos respirar os ares de um mundo para além
dos limites da criação.
S.
Leão Magno conclui: “Assim como a ressurreição do Senhor foi para nós causa de
alegria na solenidade pascal, assim sua ascensão aos céus é causa do gozo
presente, já que recordamos e veneramos devidamente, desde agora, aquele no
qual a humildade de nossa natureza senta-se em companhia de Deus Pai”. Portanto,
a tristeza advinda da separação não é para sempre, ela é temporária: “Nós nos
veremos de novo, diz o Mestre, e o vosso coração se encherá de alegria, e esta
alegria ninguém vos poderá arrancar jamais”.
No silêncio
daquela noite singular, os Apóstolos pressentem os momentos dolorosos que hão
de se suceder. A obra terrena do Mestre chegava ao seu termo. Embora seu rosto
refletisse o sofrimento interior pelo qual passava, Ele não deixa de
encorajá-los: “Um pouco de tempo, e não mais me vereis; e mais um pouco, e me
vereis de novo”. Só mais tarde, na manhã de Pentecostes, eles compreenderão que
a “dignidade do Filho de Deus era comunicada à humanidade inteira por meio do
Espírito Santificador” (S. Cirilo de Alexandria), transformando a tristeza em alegria
definitiva. A alegria de que Jesus fala é fruto do amor, que afasta de nossos
corações a aflição e a incerteza e confere-nos confiança em Deus (parresía):
“Em verdade, em verdade, vos digo: se pedirdes alguma coisa ao Pai em meu nome,
Ele vo-la dará”.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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