Reflexão do Evangelho de S. Jo 14, 1-6 – Não se perturbe o vosso coração - Sexta-feira 16 de Maio
Reflexão do Evangelho
de S. Jo 14, 1-6 – Não se perturbe o vosso coração
Sexta-feira 16 de Maio
O
sol brilhava na manhã de quinta-feira, quando Jesus pediu aos Apóstolos para
prepararem a ceia pascal. Ele desejava celebrar a Páscoa com os seus
discípulos, dando a esta última festa um sentido todo particular. No crepúsculo
daquele dia, Ele entra na cidade de Jerusalém e dirige-se à sala preparada para
a ceia. Após terem ceado, Ele se volta para os Apóstolos e com carinho,
buscando confortá-los e tranquilizar sua consciência ainda perturbada pela
questão: “Seria eu o traidor? ”, diz-lhes: “Não se perturbe o vosso coração”. O
tom de sua voz é suave, pois Ele não quer deixá-los angustiados e inseguros.
Suas palavras alusivas à sua morte os tinha amedrontado, e agora, ao ouvi-lo,
pressentem estar Ele se despedindo. Por isso, para consolidar em seus corações
a fé a esperança, Ele diz: “Crede em Deus... e também crede em mim”. Equivalência,
que só encontra razão de ser caso Ele seja Deus, pois só em Deus se pode e se
deve crer de modo absoluto.
A seguir, mais uma vez, Ele os consola: “Eu
vou preparar-vos um lugar, e quando eu me for e vos tiver preparado um lugar,
eu virei novamente e vos levarei comigo”. Imediatamente, à mente dos discípulos
surge a imagem da “tenda do encontro”, lugar em que Moisés ou o Sumo Sacerdote,
uma vez por ano, penetrava para colocar-se na presença de Deus, modelo da
realidade celeste e divina, que Jesus penetrou após seu sacrifício na cruz.
Ele
insiste: “Não se preocupem”, na casa de meu Pai há muitas moradas, na certeza
de que seus seguidores serão introduzidos na feliz e misericordiosa eternidade
do Pai. Eles gozarão da intimidade com Deus. Um fio de lágrima escorre pela
face dos discípulos, pois reconhecem que não foram vãs as palavras ditas pelo Mestre:
“Não vos chamo servos, mas sim amigos”. É como amigo que Ele agora promete
voltar, para que estejam onde Ele estiver. Sempre direto e franco Tomé lhe
pergunta: Mas como, se não conhecemos o caminho? Naquele momento, eles se
sentem confusos e indecisos, mais tarde compreenderão a sua resposta: “Eu sou o
Caminho, a Verdade e a Vida, ninguém vem ao Pai a não ser por mim”.
S. Agostinho dirá que Ele é o Caminho e a
Verdade para se chegar à Vida, à comunhão eterna com o Pai celestial. Na vinda
do Espírito Santo, no dia de Pentecostes, recordando esses últimos instantes
com o divino Mestre, eles sentirão confiança e serenidade. Realizam-se então as
palavras: “Não se perturbe o vosso coração”, e eles estarão prontos a dar a
própria vida pelo Senhor.
Dom Fernando Antônio
Figueiredo, OFM
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