Reflexão do Evangelho de Jo 15, 12-17 - Amai-vos como eu vos amei - Quarta-feira 28 de Maio
Reflexão do Evangelho de Jo 15, 12-17 -
Amai-vos como eu vos amei Quarta-feira 28 de Maio
Na última
Ceia, Jesus realiza a união de seus seguidores com Ele, o Filho de Deus
encarnado. Precisamente assim, para perpetuar sua presença entre aqueles que o
amam, Ele toma o pão e o vinho e diz: “Isto é o meu Corpo, este é o cálice do
meu Sangue. Fazei isto em memória de mim”. Antes, num gesto que surpreendeu a
todos, cingiu-se de uma toalha e lavou os pés dos Apóstolos, recomendando que
também eles lavassem os pés uns dos outros. Inicia-se o mistério de sua entrega
total ao Pai para a redenção da humanidade. O reino do amor é instaurado e a escravidão
do pecado e da morte é dissolvida. Na cruz, de suas chagas brota nova vida para
toda a humanidade; e de seus braços abertos e transpassados refulge a luz do
perdão e do verdadeiro amor, que ilumina a todos, sem restrição. Colocando nos
lábios de Jesus o salmo 117, 24: “Este é o dia que o Senhor fez para nós”, S.
Gregório de Nissa exclama: “Dia muito diferente dos que foram estabelecidos
desde o início da criação do mundo e medidos pelo decurso do tempo; este dia é
o início de uma nova criação”.
Na oração sacerdotal da Ceia pascal, após
entregar-se à vontade de amor do Pai, Ele roga pela unidade de todos. Na
sexta-feira santa, rodeado apenas pelos soldados e dois ladrões, cumprem-se as
palavras proféticas: “Como Filho e herdeiro do Pai, eu liberto os homens da
escravidão, eu transformo a lei que condena em graça que justifica” (S. Cirilo
de Alexandria). O Filho de Deus bebeu o seu cálice até a última gota. Os céus
se turvaram e um último suspiro se eleva de sua alma: “Pai em vossas mãos
entrego o meu espírito”. Sobre a cruz, são vencidos os poderes da inimizade e
as portas da eternidade são abertas para os que vivem o seu amor.
O silêncio dominava o Calvário. Ao lado
da cruz, apenas Maria e alguns discípulos. O sol do novo dia já começava a
brilhar para eles. Deles, afasta-se todo tipo de turbulência e divisão e,
unidos, eles irão reconhecê-lo no aprisionado, no abandonado e no sofredor. É o
dia da nova criação, vitória sobre as forças das trevas e triunfo da Verdade do
amor, em que os seus discípulos hão de viver o mandamento: “Amai-vos como eu
vos amei”! Por toda parte, ouve-se o anúncio da libertação e da salvação e os
seus seguidores são associados à sua própria filiação. Não só são chamados, mas
eles serão filhos de Deus, fato atestado pelo amor gratuito e pela doação
despretensiosa e generosa, que consolida sua unidade de vida e de ser, conforme
a súplica do Mestre: “Que todos sejam um. Como tu, ó Pai, estás em mim e eu em
ti, que eles estejam em nós, para que sejam perfeitos na unidade”.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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