Reflexão do Evangelho de Jo 6, 22-29: Jesus em Cafarnaum - Segunda-feira – 05 de Maio
Reflexão do Evangelho
de Jo 6, 22-29: Jesus em Cafarnaum
Segunda-feira – 05 de
Maio
Entendemos
a pregação de Jesus não como uma palavra abstrata, simplesmente informativa,
mas como experiência da palavra humana, que estabelece um diálogo vital e
pessoal com os seus ouvintes. Em sua peregrinação, Jesus e os Apóstolos entram na
cidade de Cafarnaum. “Caphar” significa campo, “naum” consolação ou formoso. E,
nesse campo de consolação, suas palavras causam impacto, deixando muitos “extasiados
com as suas palavras, porque lhes ensinava com autoridade e não como os
escribas”. No dizer de S. Jerônimo, “ele ensinava como Senhor, não se apoiando
em outra autoridade superior, mas a partir de si mesmo”. Por isso, os escribas
vindos de Jerusalém o acusam de falta de respeito pela “tradição dos pais”.
Jesus não rebate, nem se justifica. De modo suave e tranquilo, causa-lhes, mais
uma vez, impacto com seu modo livre de falar e de interpretar a Lei e os
profetas.
Ele
fala com autoridade (ecsousia), sem se basear nas opiniões e orientações de
Moisés. Surpresos, os escribas ouviam a multidão proveniente de Tiberíades, falando
da multiplicação dos pães. Alguns dentre eles, admirados que Ele já estivesse
lá, perguntam-lhe: “Rabi, quando chegaste aqui?” Na sua bondade, o Mestre busca
conduzir seus ouvintes a viver a Lei do Evangelho, sem destruir o antigo, e a
captar a boa nova de que Deus não abandonou o mundo depois da queda. Por isso,
Ele lhes diz: “Vós me procurais, não por terdes visto sinais, mas porque
comestes dos pães e vos saciastes”.
De fato, a refeição
no deserto tinha ofuscado a mente daqueles que consideravam o milagre apenas
como um meio de matar a fome. No entanto, alguns galileus, maravilhados com as
obras realizadas por Ele, procuram entender o que Jesus realmente desejava deles:
“Que faremos para trabalhar nas obras de Deus?”, perguntam-lhe. A resposta de
Jesus é imediata e simples: “A obra de Deus é que acrediteis naquele que Ele
enviou” e estabeleçais com Ele uma relação íntima e pessoal. Jesus é a manifestação
plena da presença de Deus. Mas para que melhor eles o compreendam, reporta-os,
de novo, ao milagre da multiplicação dos pães, e lhes faz ver que há algo mais
do que dar alimento e bem-estar físico: o mais precioso alimento é o pão dado
por Deus. Por essa razão, com carinho, Ele insiste: “Trabalhai, não pelo
alimento que se perde, mas pelo alimento que permanece até a vida eterna”. O
pão de Deus é o próprio Jesus, que desce do céu e dá a vida ao mundo. Portanto,
comer deste pão é acolher a sua missão e abraçar os seus ensinamentos. Aliás,
na Bíblia o pão simboliza o ensinamento e a sabedoria de Deus, que é o próprio
Cristo, “marcado por Deus, o Pai, com um selo eterno”.
Dom Fernando Antônio
Figueiredo, OFM
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