Reflexão do Evangelho de Mt 28,16-20 - Ascensão do Senhor - Domingo 01 de Junho

Reflexão do Evangelho de Mt 28,16-20 - Ascensão do Senhor
Domingo 01 de Junho

         A Ascensão, fato testemunhado pelos Apóstolos, coloca todo o Evangelho e a missão de Jesus sob o signo da alegria e do retorno ao Pai.  Jesus parte para junto do Pai, para a realidade de Deus. S. Gregório de Nazianzo, comentando a ascensão, proclama que Jesus, “com sua morte, vivifica e destrói a morte. Sepultado, ele ressuscita e ascende aos céus, de onde virá julgar os vivos e os mortos”. Também nós, no poder de Jesus, retornamos ao Pai, como peregrinos a caminho da feliz comunhão eterna com Ele.
No mistério da Encarnação, nossa humanidade foi assumida pelo Filho de Deus. A submissão divina, kénosis, não é diminuição de sua divindade, mas manifestação do seu inefável amor por todas as criaturas. Pela humanidade do Filho, somos santificados e triunfa em nós a vida divina, pois “Deus se fez portador da carne, para que o homem pudesse tornar-se portador do Espírito” (S. Atanásio). Há uma integração voluntária de Deus na realidade humana, que culmina na doação generosa e despretensiosa de sua vida. Agora, exaltado na glória, junto do Pai, ele leva consigo nossa natureza humana, deificada. Realidade sublime, que nos torna criaturas novas e partícipes de sua vida incorruptível e imortal.
S. Agostinho descreve nossa participação na vida divina como ação da graça santificante. Os autores anteriores falam de deificação (théosis), realidade no século futuro, mas, desde já, presente na vida do cristão, preparando-o para a união definitiva com Deus. Deificar-se ou divinizar-se é participar da vida de Deus e manifestá-la no agir e no pensar. Superação constante, realização contínua, que se torna perpétua na eternidade de Deus. Em suma, viver é pôr-se a caminho do Pai, no qual já nos encontramos, plenamente, graças à Pessoa do Filho Jesus.
Para que tal retorno se efetive, Jesus manda que seus discípulos anunciem o Evangelho da salvação a todos os povos e por todo o universo. A salvação e o Evangelho são destinados a todos, sem exceção: “Fazei que todos os povos se tornem discípulos, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito. E ensinando-os a observar tudo quanto vos ordenei”. Então, com S. Irineu, reconhecemos que “não seremos partícipes da imortalidade sem uma estreita união, na fé, com o Imortal”. Junto do Pai, sentado à sua direita, Jesus continua dizendo que ninguém está só, excluído ou perdido. No silêncio do seu amor, ele aguarda “o mundo inteiro para fazer parte da vida divina e tornar-se tudo o que Deus é exceto a identidade de natureza” (S. Máximo, o Confessor).


Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM

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