Reflexão do Evangelho de Jo 15, 9-11: Assim como o Pai me amou, também eu vos amei - Quinta-feira 22 de Maio

Reflexão do Evangelho de Jo 15, 9-11: Assim como o Pai me amou, também eu vos amei
Quinta-feira 22 de Maio
        
         Jesus não apresenta aos homens uma nova doutrina, nem um insólito projeto social. Simplesmente, Ele revoluciona a relação do homem com Deus, falando-nos não de um divino anônimo, mas mostrando-nos a face humana de Deus, um Deus que nos ama a ponto de dar a vida por nós. S. Irineu exclama: “Como poderia o homem ir a Deus, se Deus não tivesse vindo ao homem? Como libertaria o homem de seu nascimento de morte se não fosse regenerado na fé com um novo nascimento?” A boa notícia de Jesus fala justamente de seu amor para conosco e da vocação sublime do homem, que nele encontra o espaço de sua liberdade e de sua deificação, palavra esta utilizada pelos Padres da Igreja para designar a sua adoção e imortalidade em Deus.
         De início, os Apóstolos não entenderam bem as suas palavras, chegando Judas Tadeu a perguntar-lhe: Senhor, por que te manifestas a nós e não ao povo? A resposta é imediata e soava de modo um tanto enigmático: “Vê, se alguém me ama, observa aquilo que eu disse. E, então, também meu Pai o amará, e juntos, o Pai e eu, viremos a ele e viveremos junto a ele. Se, ao contrário, alguém não me ama, não respeita as minhas palavras”. Aquele que ama Jesus faz a experiência de Deus, em sua maneira de ser e de agir. O amor de Deus não é abstrato. Também o nosso amor significa compromisso, ou seja, a observância do “seu mandamento” é garantia de nossa permanência em Jesus e em sua obediência ao Pai.   
         O amor de Deus não é imposto, ele respeita a liberdade da pessoa humana, a sua verdade e realização plena. Deus espera que a pessoa humana, como Maria Santíssima, dê o seu sim e, dessa maneira, permita a união do divino e do humano em sua vida. Então, nele se instala a morada de Deus, fundada na reciprocidade do amor, apregoada pelo Apocalipse: “Eis que eu estou à porta e bato: Se alguém ouvir minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele comigo” (3,20). O sentido destas palavras é evidente para nós: não existe verdadeira vida longe de Deus.
O amor (ágape) não é simplesmente fruto de nós mesmos, ele é a presença em nós do amor com o qual Deus ama seu Filho e suas criaturas. Por isso, é essencial a Jesus comunicar-se no amor e não menos essencial para nós é expressarmos nosso amor doando-nos e vivendo o sacrifício de Jesus como santificação na solidariedade, do ser e do amor, com os nossos irmãos. O Evangelho de S. João conduz-nos ao Pai, do qual tudo procede. Ele não é simplesmente o ser ilimitado ou o ser supremo, Ele é a inexauribilidade do Amor pessoal, ao qual chegamos pela adoração pura, pois no dizer de S. Máximo, o confessor, “o infinito é indubitavelmente algo de Deus, mas não o próprio Deus, que está ainda infinitamente além dele”.


Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM

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