Reflexão do Evangelho de Jo 15, 1-8 - A verdadeira vide - Quarta-feira – 21 de Maio
Reflexão do Evangelho
de Jo 15, 1-8 - A verdadeira vide
Quarta-feira – 21 de
Maio
Atentos,
os Apóstolos ouvem Jesus que, sem traços de legalismo, lhes fala de uma fé
vivida concretamente. Como costumava fazer, Ele extrai os exemplos da vida do
dia-a-dia, visando atingir todo o ser do homem. Assim, sem recorrer a ideias
abstratas, Ele utiliza a alegoria da videira, que para os judeus sugeria a
ideia de paz e de felicidade, simbolizando muitas vezes a comunidade de Israel.
Os discípulos se sentem surpresos por Ele não se referir à vinha, mas a uma
vide, ou seja, a um pé de uva. Ele assim o faz para que eles mais facilmente possam
visualizar a união de tronco e ramos, pois seu desejo é tornar ainda mais
concreta a união entre Ele e os discípulos, representados pelo tronco e os
ramos. A imagem oferece claramente a ideia de circulação da vida divina, que
proveniente de Cristo se transfunde a todos os que acolhem a sua palavra e
aderem à sua pessoa.
O
cultivo da vinha cabe ao Pai, que aguarda os frutos, de modo que se um ramo não
produz frutos, é cortado e lançado fora, mas aquele que produz fruto é podado
para produzir ainda mais. Mas a poda já se deu. Deu-se a partir do momento em
que correspondemos ou não às palavras de Jesus, pois quem as acolhe “permanece
em mim, diz Jesus, e eu nele”. Jesus é o tronco. Através desta imagem, o
evangelista acentua a ideia mística da união de Cristo com os fiéis, graças à
qual eles são incluídos nele e introduzidos no espaço divino da comunhão com o Pai.
Realiza-se o sonho do povo judeu: Deus estabelece a sua morada (shekiná),
santuário do seu amor, no meio do seu povo, o que é descrito por Jesus mediante
a reciprocidade das expressões: “vós em mim” e “eu em vós”.
Será
que, como hoje, também naquele tempo não havia pessoas que não ouviam suas
palavras? Jesus não deixava de procurá-las e, com insistência, dizia: “Crede em
Deus... crede em mim”. Os que nele creem, “permanecem” em sua palavra e em seu
amor, não como uma simples presença dele em nós. Ele vai além de uma união
apenas moral, e fala-nos da comunhão íntima dele com os discípulos, que,
incluídos nele, recebem o amor com o qual Ele os ama, levando S. Agostinho a
dizer que “Ele não poderia ser a videira, se não fosse homem. Mas Ele não
poderia comunicar sua força aos ramos se não fosse também Deus”. Pela fé, vamos
além do sensível e inteligível, elevando-nos a Deus, que vem a nós em sua
pobreza amorosa. Permanecemos em Cristo e Ele permanece em nós. Mas não podemos
viver de sua vida sem amar como Ele nos amou.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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