Reflexão do Evangelho de Jo 6, 30-40: Eu sou o pão da vida - Terça-feira 06 de Maio e Quarta-feira 07 de Maio
Reflexão do Evangelho
de Jo 6, 30-40: Eu sou o pão da vida
Terça-feira 06 de
Maio e Quarta-feira 07 de Maio
Ao
lado de Jesus, aglomera-se uma multidão. De modo claro e singelo, Ele acaba de afirmar:
“Eu sou o pão da vida”. As pessoas se entreolham e um murmúrio se eleva. Sobretudo
porque a estas palavras Jesus acresceu uma referência ao maná dado por Moisés,
no deserto, que “vossos pais, diz Ele, comeram e, no entanto, morreram”. Ao
contrário, o pão, ao qual Ele se refere, desceu do céu e é garantia de vida
eterna, pois quem dele comer não morrerá. Diante destas palavras, muitos, inclusive
os Apóstolos, ficam profundamente chocados com o realismo das palavras do
Mestre. A admiração de todos é grande. Alguns lembravam as palavras ditas em
Nazaré: “Não é Ele o filho do carpinteiro?” Por que está agora dizendo que
desceu do céu? E mais. Sentiam-se enganados quando o ouviram dizer que lhes
daria sua carne para comer. Como entender estas suas palavras?
Para
os ouvintes, à primeira vista, elas refletiam uma inaudita ousadia, pois
sugeriam ser Ele o segundo e perfeito Moisés. De fato, Jesus indica que nele se
realiza a totalidade da salvação, que eles entendiam como sendo a entrada
definitiva na Terra Prometida. Porém, ao proferir essas palavras, Jesus não
pensa na restauração do reino de Israel, mas na realização da plenitude da nova
aliança com o Pai, memorada pela Eucaristia, pão vivo, que anuncia e realiza
nosso consentimento à ação salvadora de Deus. A primazia é do amor e da fé, pois
a Eucaristia atualiza a entrega de Jesus ao Pai e nos une intimamente a Ele e
aos nossos semelhantes. A esse respeito, S. Máximo, o Confessor declara que a criação
tem o seu princípio eterno no Cordeiro imolado, cuja memória nós celebramos na
Eucaristia, que nos atrai à esfera divina, assimilando-nos ao Senhor. Efetivamente,
em seu silêncio místico, declara S. Agostinho: “Nós somos Aquele que
recebemos”.
Perplexos,
os Apóstolos cochicham entre si: “Estas palavras são difíceis; quem pode
entendê-las?” Percebendo o que se passava em seus corações, Jesus procura
explicar que suas palavras precisam ser entendidas em sentido espiritual. Portanto,
quando diz ser o “pão do céu”, o “pão da vida”, Ele quer avivar a fé dos seus
discípulos para que reconheçam a Eucaristia como “fermento de imortalidade” e fonte
de vida nova. Por ela tornamo-nos, desde o momento presente, novas criaturas e
participamos de uma vida duradoura. S. Inácio de Antioquia, a caminho do
martírio, proclama que pela Eucaristia sua vida se orienta “para a eternidade”,
compreendida não no sentido de um mero prolongamento da vida terrena ou um
“descanso eterno”, mas como vida nova, que o situa na órbita própria da vida
divina. Exclama S. Ambrósio: “Quem come a vida não pode morrer. Ide a Ele e
saciai-vos, porque Ele é o pão da vida. Ide a Ele e sereis iluminados, porque Ele
é a luz. Ide a ele e vos tornareis livres, porque onde está o Espírito do
Senhor lá está a liberdade”.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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