Reflexão do Evangelho de Jo 15, 12-17: Amai-vos como eu vos amei - Sexta-feira 23 de Maio
Reflexão do Evangelho de Jo 15, 12-17: Amai-vos como eu vos amei
Sexta-feira 23 de Maio
No cair da
tarde da quinta-feira, antes de sua Paixão, após abranger com seu olhar os
Apóstolos, que se reuniam ao seu redor na santa Ceia, Jesus lhes anuncia um
mandamento novo. Comovidos, eles o ouvem dizer: “amai-vos uns aos outros como
eu vos amei”. É a implantação do reino do amor, vitória sobre a escravidão do
pecado e da morte. Sereno, com voz tranquila, Jesus continua a lhes falar: “Pois
justamente por isto todos reconhecerão que vós sois meus discípulos, se houver
o amor entre vós”. Palavras apenas compreendidas no dia seguinte, ao verem na cruz
do Calvário, Jesus, de braços abertos, perdoando seus algozes e prometendo ao
ladrão o paraíso. De suas chagas brotam fachos de luz, que iluminam o caminho
para a reconciliação de todos os homens com o Pai. “Este é o dia que o Senhor fez para nós”,
canta o salmista (Sl. 117,24), “um dia muito diferente daqueles que foram
estabelecidos desde o início da criação do mundo e que são medidos pelo decurso
do tempo. Este dia é o início de uma nova criação” (S. Gregório de Nissa).
“Este dia” é a
prova de que Deus nos ama e nos comunica a vida divina. O Apóstolo S. Paulo
reconhece que “nada nos poderá separar do amor de Deus, manifestado em Cristo
Jesus nosso Senhor”. Se as trevas cobriram os céus, na tarde da sexta-feira,
logo depois, o sol brilhava para todos, permitindo entrever que Deus, diante da
alternativa de condenar ou salvar, escolheu salvar. E, dos lábios silenciosos
de Jesus, ouve-se: “Como Filho e herdeiro do Pai, eu liberto os homens da
escravidão, eu transformo a lei que condena em graça que justifica” (S. Cirilo
de Alexandria).
“Este é o dia”
da nova Aliança, em que tanto gregos como judeus, livres e escravos já não mais
se opõem, mas vivem unidos no Filho bem-amado. Afastam-se as turbulências e
todo tipo de separação. Ninguém pode permanecer enclausurado na galera do
egoísmo e das veleidades, pois o homem, nascido da graça divina, professa o
amor ao próximo e, neste amor, ele une-se ao Senhor, reconhecendo-o no
aprisionado, no abandonado e no sofredor. Irrompe a nova criação, cuja lei
maior é o amor, e a criatura humana se reconhece criada à imagem e semelhança
de Deus. Sim, “este é o dia que o Senhor fez”, dia da liberdade, que transporta
o homem para além de tudo quanto ele pode imaginar. Inebriado, ele é livre para
viver e alcançar, “às apalpadelas”, a sua identidade e atingir a inefável
sabedoria no amor do Crucificado.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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