Reflexão do Evangelho – Domingo, 02 de abril


Jo 11, 1-45 – Ressurreição de Lázaro.
     
Alguns amigos da Judeia trouxeram a notícia de que Lázaro estava gravemente enfermo. Apesar de os Apóstolos temerem voltar para aquela região, onde os judeus tinham procurado apedrejá-lo, encorajando-os, Jesus lhes diz: “Vamos lá”! A cada passo, a esperança de uma vida nova é transmitida por Jesus, que, anteriormente, já tinha feito retornar à vida duas pessoas: uma menina, cujo pai, Jairo, estava à frente de uma sinagoga, e que acabara de morrer; e um jovem, filho único de uma viúva, que estava à entrada da cidade de Naim, acompanhada por um cortejo fúnebre. O caso de Lázaro é extraordinário, pois “o milagre” ocorre quatro dias após sua morte, e se destina à glória de Deus para que, por ele, seu Filho fosse glorificado. 
Ao chegar a Betânia, Jesus sente o drama de Marta e Maria pela morte do irmão, refletido em suas lágrimas. Buscando reanimar Marta e conduzi-la a uma fé mais vigorosa, após algumas palavras delicadas e esperançosas, Ele afirma: “Teu irmão ressuscitará”. Sem ter entendido bem o que Ele dizia, a resposta de Marta é uma verdadeira profissão de fé: “Sei que ele ressuscitará na ressurreição, no último dia! ”. Indubitavelmente, ela crê que o seu irmão ressuscitará ao final dos tempos, no que acreditavam muitos judeus, e chorando, repete as mesmas palavras de sua irmã: “Se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido”.
Uma profunda emoção toma conta de Jesus, que se revela profundamente humano. Notando seus olhos marejados, muitos dos que lá estão comentam: “Vede como Ele o amava”; outros ainda disseram: “Como é que este homem, que abriu os olhos ao cego, não poderia ter feito com que ele não morresse? ”. “De novo, Jesus comoveu-se e dirigiu-se ao sepulcro”, onde Ele ordena aos que o guardavam: “Retirai a pedra”. Marta procura opor-se e, com delicadeza, observa que certamente o corpo já devia estar cheirando mal. Com insistência e voz firme, o Senhor lhe responde: “Não te disse que, se creres, verás a glória de Deus? ” A pedra foi retirada e, após erguer os olhos ao Céu, Ele ordena: “Lázaro, vem para fora! ”. Sua voz nos reenvia ao Deus rico de misericórdia, e nos faz compreender que nossa vida não é jamais sem esperança: sempre há um novo caminho que nos permite superar situações nas quais não víamos saída, pois Deus é inesgotável e fonte de infinitas possibilidades. S. Irineu já notava, no início do ano 200, que Lázaro saiu do túmulo com pés e mãos ligados com faixas, símbolo das amarras de nossos pecados. Jesus é o nosso libertador.  
Lázaro retorna à vida, participada por ele em sua peregrinação terrena, sinal da ressurreição de Jesus, de sua vitória sobre a morte; também, sinal de nossa ressurreição final, quando, definitivamente, todos nós ouviremos a voz do Senhor: “Vem para fora! ”. Por isso, não esqueçamos, diz S. Agostinho, que “todos ouviremos a voz do Senhor, a mesma voz ouvida por Lázaro, através da pedra: que a sua voz penetre nossos corações de pedra! ”. O essencial está, certamente, em seu desejo de nos preparar para o retorno supremo, quando nos introduzirá definitivamente em sua própria morada eterna.

+Dom Fernando Antônio Figueiredo, ofm



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