Reflexão do Evangelho - Quinta-feira, 27 de abril


Jo 3, 31-36 - Último testemunho de João Batista




      Após os ensinamentos ministrados a Nicodemos a respeito do batismo, Jesus percorre a região da Judeia, lugar de mananciais, não distante do rio Jordão. Nessa mesma ocasião, João Batista, que “não tinha ainda sido encarcerado”, batizava com água. No encontro com um judeu, os discípulos de João Batista e os de Jesus discutem os “ritos de purificação”, que correspondiam ao batismo. Os discípulos de João defendiam o batismo na água, os de Jesus, citando as palavras dos profetas, falavam da purificação pelo “espírito” e pelo fogo. Em pauta, o batismo de penitência ou de preparação. O clima tornou-se tenso, os ânimos se acaloraram, a ponto de os discípulos irem a João para perguntar quem é que batizava legitimamente: ele ou Jesus? Em quem acreditar? Providencialmente, o embate irá propiciar o testemunho final e decisivo do Precursor, que, sem dar uma resposta direta, simplesmente pronuncia as palavras, que foram ditas pelo velho Simeão, no Templo, ao receber o Menino Jesus em seus braços: “Deixa agora seu servo ir em paz”. E demonstrando grandeza de alma e fidelidade à missão, que Deus lhe conferiu, João afirma: “É necessário que Ele cresça e eu diminua”.
         Após tais considerações, o tema inicial sobre o batismo, causa de acirrada polêmica, foi esquecido; agora, referindo-se à parábola nupcial, tão apreciada pelos profetas, que fala do esposo do tempo final e descreve o povo como noiva escatológica, João Batista apresenta-se apenas como sendo o amigo do Esposo, que veio para reclamar a sua esposa. S. Cirilo observa: “João Batista se regozija por ter ultrapassado a condição de servidor, para poder ser chamado amigo do esposo”. Ele é apenas o mensageiro do Messias. Por uma derradeira vez, voltando-se para os seus discípulos, sem hesitar, ele reafirma que a sua missão consiste em preparar os caminhos para Jesus, que, vindo do alto, irá comunicar o Espírito divino, “dom sem medida”. Então, como dirá S. Atanásio, “o homem se tornará segundo a graça o que Deus é segundo a natureza”.
Por fim, terminada a sua missão, com grande clareza e não menor humildade, ele concita todos a irem ao encontro do Esposo e, com fervor, acolhê-lo. Sua missão, como testemunha de Jesus, abraçada e fielmente seguida, encerra-se ao ser levada às últimas consequências: com pouco mais de trinta anos de idade, João dá a vida no testemunho da justiça de Deus.


+Dom Fernando Antônio Figueiredo, ofm

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