Reflexão do Evangelho – Sábado, 08 de abril
Jo
11, 45-56 - Os chefes dos judeus sentenciam a morte de Jesus
No
Sinédrio, as opiniões a respeito de Jesus se dividem: juntamente com alguns
fariseus, há os que o viam como um blasfemador, que pretendia superar a Lei, defendida
com rigorismo por eles; outros o admiravam e, na linha dos profetas,
reconheciam os seus ensinamentos como uma tentativa para alcançar o sentido
mais profundo da Lei. Ao Senhor, não lhe escapam os escárnios contra a sua
pessoa, nem a atitude nobre e sincera de muitos dos que o ouvem. Em meio a um
clima tenso, as palavras dos diversos grupos se atropelam, sobressaindo a voz
dos que alegam o perigo de repressão por parte dos romanos e daqueles que, enciumados
e movidos pela vaidade e soberba, não admitem o fato de tantas pessoas do povo
o acompanharem. Estes “recriminam a si mesmos, observa S. Cirilo de Alexandria,
por não terem matado Jesus antes da ressurreição de Lázaro, e exortam-se
mutuamente crime, pois não suportam que as multidões creiam em Jesus”.
De repente, o burburinho das vozes é
quebrado pelo parecer do sumo sacerdote, Caifás: “Não compreendeis que é de
vosso interesse que um só homem morra pelo povo e não pereça a nação toda?”. Palavras
que levam S. João Crisóstomo a exclamar: “Como é grande o poder pontifical! Pois
tendo alcançado o grau supremo de sumo sacerdote, ele profetiza, sem mesmo
discernir o que estava dizendo. A graça (charis) só se serviu dos seus lábios,
pois não conseguiu tocar seu coração impuro”. Dramática ironia. Caifás vaticina
que um devia morrer por todo o povo: a preposição “hyper tou laou”, significa
“no lugar do povo”; mas não só por ele, observa o Evangelista, para quem “hyper
tou” significa morrer “em favor de” todos os “filhos de Deus dispersos”, para
reuni-los na unidade “(eis hen)” de um só povo, o Israel de Deus, o povo santo da
nova Aliança.
Finalmente, os membros do Sinédrio,
pressionados pela controvérsia e pelas muitas acusações, decidem pela sua
morte. Decisão reforçada, sobretudo após a cura do cego de nascença e a
ressurreição de Lázaro, que acabam de enfurecer seus corações. De um lado, a desconfiança
e irritação dos membros do Sinédrio, de outro lado, a atitude misericordiosa de
Jesus, que acolhe os pecadores e confirma para si o título de “Filho de Deus”, “Eu
o sou” (Lc 22,67), sem nuança messiânica. Nesse processo de religião, a decisão
dos membros do Sinédrio já está tomada: era preciso desembaraçar-se desse
adversário perigoso, o simples carpinteiro de Nazaré, que se declarava Filho de
Deus, e consequentemente um blasfemador público, merecedor da pena de morte.
Por isso, eles enquadram as acusações num processo político e o conduzem a
Pilatos para obterem sua condenação à morte.
Jesus,
superando todas as expectativas, avança no caminho do amor, como o profeta
escatológico, que instaurou o reino definitivo de Deus; no alto da cruz, Ele se
revela servo de todos e, na liberdade do amor, sussurra: “Eu sou o vosso
perdão, eu sou a Páscoa da Salvação, sou a vossa luz, a vossa Ressurreição”
(Melitão de Sardes).
+Dom Fernando Antônio Figueiredo, ofm
DEUS lhe abençoe e lhe ilumine. Obrigado p/ reflexão D. Fernando.
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