Reflexão do Evangelho - Segunda-feira, 10 de abril
Jo
12, 1-11 - A unção de Betânia
Pasmos, os convivas veem uma mulher que,
durante a refeição, sem dizer uma palavra, se aproxima de Jesus e lava os seus
pés com um precioso perfume. O fato de ungir os pés e a cabeça de um convidado era
prova de respeito, muito frequente naquela época. Seu gesto, porém, é recriminado,
principalmente, por Judas Iscariotes, caracterizado como aquele que, sob o véu
da piedade, escondia a intenção de desviar, para outros objetivos, o que era
destinado aos pobres. Porém, a pobreza e seus problemas não são enfrentados com
a lógica de Judas, bolsa cheia, mas com a lógica do Evangelho, indo ao encontro
dos que sofrem e passam por necessidades, para socorrê-los e oferecer-lhes um
ombro amigo e fraterno.
Nada
é alheio ao Senhor. Ele não rejeita, nem condena aquela mulher, dizendo aos presentes:
“Deixa-a; que ela o conserve para o dia da minha sepultura”. O gesto da mulher traz
à nossa memória o amor gratuito dos pobres, que generosamente se doam, e o
valor absoluto do amor a Deus e aos nossos semelhantes. Maria “tomou uma libra
de um perfume de nardo puro (pistikós)
”, termo grego, que é relacionado pelo Evangelista S. João à palavra “pístis” (fé), para destacar que o que
conta, não é a quantidade de perfume nem o seu valor, mas a ação daquela
mulher, seu arrependimento e amor, e a presença misericordiosa de Jesus, que
acolhe e perdoa a pecadora. Da praxe da vida de Jesus, inseparável de sua
pessoa, fica evidente sua oferta de salvação para todos e sua libertadora
convivência com pecadores e excluídos.
Por
conseguinte, a unção de Betânia reflete não apenas a iminência da partida de
Jesus, como também sua mensagem profética, simbolizada pelo vaso de alabastro,
que, rompido, perfuma todo o ambiente: é o divino perfume da fé e da caridade,
que há de se difundir pelo mundo afora. O próprio Jesus demonstra a valorização
desse gesto, ao proclamar: “O que fez esta mulher, será anunciado no mundo
inteiro”. Por isso, o venerável Beda recorda que “os fiéis são também
denominados nardos porque compartilham, por meio do amor, dessa unção custosa e
pura, e, por suas palavras e atos, recendem o odor do perfume em toda a
Igreja”.
+Dom Fernando Antônio Figueiredo, ofm
DEUS lhe abençoe e lhe ilumine. Obrigado p/ reflexão D. Fernando.
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