Reflexão do Evangelho – Domingo, 23 de abril


Jo 20, 19-31 - Aparição de Jesus ao Apóstolo Tomé




Na tarde daquele “dia, o primeiro da semana”, quando estavam reunidos em Jerusalém, talvez no cenáculo, com as portas bem fechadas por medo ainda das perseguições, de repente, os Apóstolos ouvem uma voz que eles bem conheciam: “A paz esteja convosco”. É o Senhor! Uma vez mais, Jesus no meio deles, agora com a presença de Tomé, aquele que tinha dito: “Se eu não vir em suas mãos o lugar dos cravos e minha mão no seu lado, não acreditarei”.  
    Com ternura, sentindo o palpitar do seu coração, o Mestre lhe diz: “Põe o teu dedo aqui e vê minhas mãos! Estende a tua mão e põe-na no meu lado e não sejas incrédulo, mas creia”.
Suas palavras não significam que Tomé tenha sido menos fiel e menos ligado a Ele que os demais Apóstolos. De fato, a caminho de Jerusalém, Tomé não tinha hesitado em segui-lo; supondo sua morte próxima, tinha exclamado com veemência: “Vamos também nós, para morrermos com Ele! ” (Jo 11,16). Se ele não crê, de imediato, não é porque não deseja; basta notar sua reação, logo que o reconhece. Prostra-se diante dele e profere uma das mais belas profissões de fé do Novo Testamento: “Meu Senhor e meu Deus! ”. S. Agostinho dirá: “Tomé via e tocava o homem, mas confessava a sua fé em Deus, a quem não via nem tocava. Mas o que via e tocava o induzia a crer no que até agora havia duvidado”. Restabelece-se a prioridade do crer sobre o ver: no início, Jesus lhe sugere uma verificação sensível, imediatamente após, fortalece sua fé: “Não queiras ser (gínou) incrédulo, mas creia! ”.
Jesus exige fé e vida sincera, confiança firme e tranquila, de todos os que o seguem. As palavras: “Porque me viste, creste; felizes os que crerão sem ter visto”, nos permitem concluir que a bem-aventurança evangélica, fruto da luz sobrenatural interior, é oferecida, em sua misericórdia, à humanidade toda inteira.   
      O fato de “vir” aos discípulos indica a solicitude de Jesus para com eles e o desejo de que eles tenham uma vida nova, cheia de esperança e livre de legalismos. Aqui vale a conversão. Sem ela não se poderá trilhar o caminho que conduz da incredulidade ou de uma religião só de aparências à fé.
Na medida em que o Ressuscitado está presente em nossa história e identificamos Jesus como Filho de Deus, então, também nós proclamamos: “Meu Senhor e meu Deus! ”, títulos divinos que expressam a superioridade do crer sobre o ver. Mais do que por sua face, reconhecemos Jesus por suas chagas, isto é, por seu amor misericordioso para conosco.


+Dom Fernando Antônio Figueiredo, ofm

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