Reflexão do Evangelho - Quarta-feira, 05 de abril e Quinta-feira, 06 de abril


Jo 8, 31-42. 51-59 - Jesus e Abraão


      Para os fariseus e escribas, Jesus está delirando ao afirmar: “Se alguém guardar a minha palavra jamais verá a morte”. Ora, Abraão e os profetas morreram, como pode Ele prometer que quem acredita nele não vai morrer? Como é possível? À medida que se desenvolve, a discussão se torna mais acirrada, pois os ouvintes de Jesus distorcem suas palavras e as interpretam como se elas significassem, simplesmente, a ausência da morte corporal. Com isso, perde-se de vista a questão principal, que está no fato de Jesus rejeitar a interpretação farisaica do cumprimento da Lei e também o autoritarismo dos saduceus, provocando uma ruptura que culminará com a sua condenação à morte.
      A nova ocasião de contraste surge ao ouvi-lo dizer: “Se permanecerdes na minha palavra, sereis, em verdade, meus discípulos e conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (31-32). Eles reagem, imediatamente, dizendo que, como posteridade de Abraão, jamais foram escravos de alguém. E perguntam-lhe: “Mas quem tu pretendes ser? ”. “Porventura, és maior que nosso pai Abraão? ”. Sereno, sem nada esperar deles, Jesus lhes assegura que sua glória provém do Pai, conhecido por Ele, pois caso negasse, seria igual a eles: um mentiroso. E acrescenta, para espanto deles: “Vosso pai Abraão rejubilou-se por ver o meu dia; e ele viu e alegrou-se”.
Fustigados, aguilhoados por essas palavras, seus adversários reagem: “Ainda não tens cinquenta anos, e viste Abraão? ”. Então, sem titubear, Ele reafirma: “Antes que Abraão fosse eu sou”. O verbo ser, em grego: einai, que Jesus atribui a si mesmo, não corresponde ao verbo nascer ou vir a ser, em grego: ginesthai, referente a Abraão. Justamente por isto, eles julgam estar Ele se apropriando das palavras de Deus ditas a Moisés, junto à sarça ardente: “Eu sou aquele que sou” (Ex. 3,14). E não estão equivocados. Jesus reivindica, de maneira exclusiva, uma autoridade divina, o que pode justificar a acusação de blasfêmia, levando-os a pegar em pedras para apedrejá-lo.
Não mais o ouvem; recusam acolher a sua palavra e guardá-la na tenda do seu coração. Apenas dessa maneira, eles poderiam se designar filhos de Abraão, e estariam fazendo o que ele praticou: a justiça e a obediência, numa existência de confiança total em Deus.


+Dom Fernando Antônio Figueiredo, ofm


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