Reflexão do Evangelho – Domingo, 16 de abril
Jo
20,1-9 – A Ressurreição de Jesus.
Entre
os Apóstolos e discípulos do Mestre reinava o desalento. Teria sido Ele
abandonado por Deus? Por que, tão jovem e portador de esperança para tantas
pessoas, teria Ele sido submetido a uma morte tão desonrosa? Alguns deles,
desiludidos, deixavam a cidade de Jerusalém, retornando às suas vilas. Seria
Ele de fato o Messias esperado? O que fazer? A derrota era irremediável, seus
sonhos de glória caíam por terra e um profundo amargor buscava dominar seus
corações.
Mas eis que no primeiro dia da semana, bem
cedo, Maria Madalena e algumas outras mulheres vão ao túmulo de Jesus. Embora o
sol ainda não tivesse raiado, sua luz bruxuleante permitia-lhes notar que algo
tinha acontecido. Aproximando-se, elas percebem que a pedra tinha sido removida,
e, lançando um olhar para dentro do sepulcro, veem que ele estava vazio, mas
não totalmente: as faixas de linho conservavam a forma do corpo de Jesus; prova
de que algo acontecera. Sem demora, como uma das primeiras evangelizadoras, Maria
corre até Simão Pedro e ao outro discípulo, que céleres se dirigem ao local do
sepultamento de Jesus. Eles farão a verificação “oficial” do túmulo vazio. Por
causa de sua juventude, também, segundo alguns S. Padres, “pelo zelo de seu amor”,
João vai mais rápido, chega por primeiro ao sepulcro, olha para dentro, mas não
entra. Sinal de notável deferência a Pedro, que ao chegar, levado por seu
temperamento impetuoso, entra imediatamente, “vê os panos de linho por terra e
o sudário que cobrira a cabeça de Jesus”.
Logo
após, “entrou também o outro discípulo que chegara primeiro ao sepulcro: e viu
e creu”. Se a precedência foi dada a Pedro,
cabe a João a fé na ressurreição, compreendida não como uma retomada da vida
anterior, assim foi a de Lázaro, mas como a entrada definitiva do Senhor na vida
eterna. Se a constatação do túmulo vazio constitui um valioso pressuposto para
a fé na ressurreição, suas aparições afastam as dúvidas remanescentes, sobretudo
mais tarde, quando, encontrando-os reunidos, Jesus pede aos Apóstolos do que
comer, e manda Tomé tocar as chagas de suas mãos e de seu peito.
À
frente dos Apóstolos, Jesus ressuscitado, que os conduz ao reconhecimento de
sua forma mais elevada de existência, sinal da libertação de todas as amarras
que nos mantêm limitados neste mundo. Através de sua corporeidade transfigurada,
dá-se o processo de restauração da unidade da humanidade futura, na qual a
morte não tem a última palavra. Na verdade, ela é a porta de entrada para a plena
realização do Reino de Deus na vida de cada um de nós. “Em Cristo ressuscitado,
proclama S. João Crisóstomo, já se estabeleceu um reino aberto a todos. Ninguém
chore pelos próprios pecados, porque o perdão emergiu do túmulo. Ninguém mais
tenha medo da morte, porque dela nos livrou a morte do Salvador. Cristo
ressuscitou, e os anjos rejubilam; Cristo ressuscitou, e a vida está coroada”.
+Dom Fernando Antônio Figueiredo, ofm
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