Reflexão do Evangelho - Sexta-feira, 07 de abril
Jo 10,31-42
- Jesus, o Filho de Deus.
Após invocar o testemunho do Pai em favor
de suas obras, Jesus se volta para seus adversários e, com um leve sorriso, pergunta-lhes:
“Por qual delas quereis apedrejar-me? ”. Eles compreendem sua intenção e, com
sutileza de espírito, respondem: “Não te lapidamos por causa de uma boa obra,
mas por blasfêmia, porque, sendo apenas homem, tu te fazes Deus”. Por
entenderem que Ele se fazia igual ao Pai, acusam-no de insultar ao próprio
Deus, o que o tornaria merecedor dos maiores castigos: as palavras de Jesus
soavam aos seus ouvidos como negação do monoteísmo, do Deus único da Aliança, e
punham abaixo a ideia de um Deus juiz e legislador.
Jesus
não se retrata. De modo tranquilo, porém firme e claro, Ele descreve a bondade
do Pai, sempre pronto a perdoar, e afirma sua relação íntima com Ele, declarando:
“Eu e o Pai somos um (hen) ”. É o
auge da afronta. Seus inimigos alçam a voz e o cumulam de acusações, incitando
todos os demais a apedrejá-lo, pois, segundo eles, bastava a presença de um só
blasfemador para macular a comunidade toda inteira.
Em
sua paciência misericordiosa, Jesus espera que eles se arrependam e sejam
capazes de acolher o amor de um Deus, que é nosso Pai. A condição é tornar-se criança,
fórmula tradicionalmente judaica, imagem da confiança que o homem deve ter
diante de Deus, que continua a nutrir amor por todas as suas criaturas:
trata-se de convertê-los, chave para a compreensão direta das palavras de Jesus,
sobretudo, quando Ele diz ser o Filho de Deus, vindo para salvar a todos. Assim,
desde o início, a Igreja professa que Ele é o Messias ou o Cristo, o Ungido de
Deus, o Filho do Altíssimo, que se tornou um de nós para que, recebendo-o,
fôssemos conduzidos não a um divino anônimo, mas ao rosto profundamente humano do
Filho amado do Pai.
Como
se evidencia, o Filho, sem deixar de ser plenamente Deus, assume a condição de servo;
torna-se verdadeiramente um de nós, movido, escreve Orígenes, “por compaixão do
gênero humano”. E não só. Amados por Ele, “paixão de amor por nós”, também pelo
Pai, que carrega em suas mãos “a nossa conduta”, nós somos convocados a
manifestar, em nossas palavras e atos, o amor misericordioso do Pai para com
todos. Por conseguinte, quais peregrinos, enfrentando os perigos do deserto e
suas contradições, vivenciaremos em cada etapa da história humana, embora de
uma maneira imperfeita, mas tangível, uma nova expressão da infinita
misericórdia divina.
+Dom Fernando Antônio Figueiredo, ofm
Comentários
Postar um comentário