Reflexão do Evangelho -Terça-feira, 04 de abril


Jo 8, 21-30 -Origens de Jesus

     
      Ao perguntarem a Jesus não “donde Ele vem”, mas “para onde Ele vai”, a imaginação dos fariseus que o ouvem corre à solta. Alguns julgam que Ele iria para a diáspora, outros imaginam que Ele iria se matar. Voltando-se para eles, em tom áspero e duro, Jesus diz: “Para onde eu vou, vós não podeis ir”, pois “morrereis em vosso pecado”. Apelo do Senhor, para que eles não se acomodem, confiando em seu sistema religioso, mas se deixem penetrar pela luz que vem de Deus: não se trata de ir ou não para um lugar, mas de pertencer ou não ao novo mundo, que Deus revela na pessoa de seu Filho.
Com a pretensão de serem virtuosos, eles não acolhem a verdade que os tornaria livres, pois recusam a suavidade do perdão e do amor, embora estivessem celebrando, justamente, o dia da Reconciliação, o “Yom Kippur”. Para todos, valem as palavras: “Vós sois daqui de baixo e eu sou do alto, vós sois deste mundo, eu não sou deste mundo”. Obcecados pela necessidade de preservar a tradição recebida, eles não ouvem a voz que os convoca a passar, de uma para outra ordem, deste mundo para um mundo novo de justiça e de paz.
Apresenta-se aqui o forte contraste entre Jesus e seus adversários. Descendentes de Abraão, eles se consideram livres pelo fato de possuírem e de observarem a Lei, de acordo com um dito rabínico: a Lei torna o israelita livre. Para Jesus, não basta alguém ser judeu, depositário da promessa divina; é preciso ter a mesma disposição interior de Abraão: sentir-se totalmente dependente de Deus. Enquanto estiverem radicados em “seu” mundo, eles serão incapazes de acolher a sua Palavra e reconhecer quem Ele é. no entanto, num apelo extremo à conversão, fazendo menção à sua morte e ressurreição, diz Ele: “Quando tiverdes elevado o Filho do Homem, então sabereis que ‘Eu sou’”. Em hebraico, significaria: “Eu estarei convosco como aquele que (sempre) está aí”.


+Dom Fernando Antônio Figueiredo, ofm


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