Reflexão do Evangelho do dia 02 de Abril de 2013


Terça-feira – 02 de abril

Jo 20, 11-18: Aparição a Maria Madalena

 

          No primeiro dia da semana, Jesus ressuscita dos mortos. “O dia da ressurreição, diz S. Agostinho, é o escatológico oitavo dia, graças ao qual nos tornamos partícipes da nova criação representada pela nova semana, pois o desonroso escândalo da crucifixão de Jesus e o horror da sua morte foram vencidos. Assim como a luz expulsa as trevas, na aurora do novo dia, surge agora o primeiro dia da nova era de salvação”.

A primeira série das aparições de Jesus, mais pessoais e tocantes, tem como protagonistas as santas mulheres e os Apóstolos Pedro e João. Hoje, o Evangelho narra o encontro de Jesus com Maria Madalena. Em descrição simples e de inefável condescendência divina, destaca-se o valor das “intuições do coração”. Voltada para o túmulo vazio, Maria, mergulhada em sua dor, não o reconhece imediatamente. A voz do Senhor soa, então, clara e suave. Mas ela só a reconhece ao ouvi-lo pronunciar o seu nome.  A voz divina faz renascer a esperança e readquirir força e alento para voltar-se e contemplar o Mestre. Argumentos seriam tênues e distantes vozes. O Mestre abre “seu olhar interior”. O encontro é decisivo. O olhar do Senhor cura sua alma e uma suave alegria envolve seu coração e a torna ágil  para levar até os Apóstolos a boa-nova da Ressurreição do Mestre. “Eu vi o Senhor”, exclama Maria. S. Máximo o Confessor ouve brotar dos lábios de Jesus: “Eu sou o vosso perdão; eu sou a Páscoa de salvação; sou a vossa luz, a vossa ressurreição”.  

          Nas aparições de Jesus, destaca-se o esquema do encaminhamento da fé e de sua transmissão. O acolhimento do Senhor reanima o coração abatido e é força que impele a anunciá-lo. “Vai, diz Jesus a Madalena, a meus irmãos e dize-lhes: Subo a meu Pai e vosso Pai; a meu Deus e vosso Deus”. S. Gregório de Nissa lembra que tais palavras “recapitulam todo o desígnio do plano de nossa Redenção”. “Eu vos farei, estaria dizendo Jesus, que ele retorne a ser vosso Pai por minha causa, o verdadeiro Pai que vós abandonastes. E, por minha causa, ele se torne de novo vosso Deus, o verdadeiro Deus que negastes”.

 Com a Ressurreição de Jesus, a luz divina incendeia o gênero humano, mortal, e o atrai às profundidades da Trindade Santa. Retorno à vida imortal, movimento da encarnação de Jesus, no qual nos inserimos e que, pela Ressurreição, se plenifica. Nas aparições dá-se o milagre, não da criação, mas da recriação, quebram-se os vínculos do mal e celebra-se o retorno de cada um de nós à glória da visão feliz de Deus.

 

Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM

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