Reflexão do Evangelho do dia 20 de Março de 2013


Quarta-feira – 20 de março
Jo 8, 31-42: Jesus e  Abraão
           
            Não basta ter começado a crer. É necessário continuar a crer, em meio às solicitações adversas. Por esse motivo, alguns autores referem-se ao Evangelho de S. João, denominando-o “Evangelho da perseverança”. Não é simplesmente por crer que alguém se torna, automaticamente, membro da descendência de Abraão. Alguns assim se intitulam, mas de modo indevido. Jesus fala aos judeus que creram nele, convidando-os a serem seus discípulos, a viverem a sua mensagem.  No entanto, eles permanecem presos ao fato de serem da descendência de Abraão e não seus discípulos, nascidos de novo, como foi exigido de Nicodemos. Portanto, não são filhos “gerados de Deus”. Não são livres.
Por isso, aos que o seguem, Jesus estabelece uma exigência: “Se permanecerdes em minha palavra, sereis verdadeiramente meus discípulos e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. Eles serão livres (eleutheroi) não no sentido político e social, mas na grata acolhida da palavra de Jesus, fogo acrisolador das amarras da escravidão do pecado. Caso contrário, estarão presos ao mal e à mentira, permanecendo filhos do Mal. Não há uma posição neutra.
            Aliás, por duas vezes, Jesus indica a condição para alcançar a verdadeira liberdade: “ser verdadeiramente seu discípulo”, conservando “a sua Palavra”. Pois feliz e livre é quem se alegra em Deus e reconhece Jesus como o Senhor, fonte de misericórdia e de graça. O que traz satisfação ao discípulo não é simplesmente a observância da Lei, mas é viver de acordo com a vontade do Pai, dizendo seu “sim” à palavra do Filho Unigênito e trilhando os caminhos do amor e da santidade. Como seu verdadeiro discípulo, ele conhecerá a verdade e ela o transformará e o tornará livre.
Alguns se prendem às “obras da Lei” e reputam-se, com soberba, senhores da Lei e filhos (em grego: sperma, semente) de Abraão. Mas a liberdade prometida só se realiza e se obtém no encontro com o Filho de Deus, que os constituirá verdadeiros filhos (tekna) de Abraão. Traça-se, assim, a correspondência entre “ser verdadeiramente discípulo” (v.31-32) e “ser verdadeiramente livre” (v.36), pois a verdade de Deus é força libertadora da nova Aliança, revelada plenamente por Jesus. Sua celebração se dá, no dizer de S. Gregório de Elvira, “no sábado dos sábados em que todas as coisas tornam-se santas, piedosas, pacíficas, tranquilas e seguras”.

Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM

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