Reflexão do Evangelho do dia 25 de Março de 2013


Segunda-feira – 25 de março

Jo 12, 1-11: A unção de Betânia

         

          Pouco antes da Páscoa, em Betânia, durante a refeição, uma mulher derrama sobre os pés de Jesus um precioso perfume. O fato de ungir os pés e a cabeça de um convidado era prova de respeito, muito frequente naquela época. Porém, tal gesto foi reprovado por um dos discípulos, Judas Iscariotes. Ouvindo-o, Jesus justifica e  louva o ato daquela mulher, levando os Apóstolos à compreensão da lei do gratuito e do valor absoluto do amor a Deus, simbolizados pelo nardo puríssimo. Os problemas do mundo: pobreza, sofrimento e injustiça, não são afrontados com a lógica de Judas, bolsa cheia, mas com a lógica do Evangelho, amor gratuito e generoso. Nesse sentido, observa S. Cirilo de Alexandria: “Marta serve, Maria derrama o perfume: assim, pelas duas, efetiva-se o amor total”.

Maria “tomou uma libra de um perfume de puro nardo”. Ao utilizar o termo grego “pistikós”, traduzido por “puro” ou digno de fé, o Evangelista S. João revela um dado importante. Ele aproxima os dois termos “pistikós” (genuíno) e “pístis” (fé) para sugerir o que é mais precioso aos olhos de Jesus: a fé ou a fidelidade, testemunhada, de modo surpreendente, pelo gesto de Maria. Por isso, o venerável Beda diz “serem os fiéis chamados nardos porque compartilham, por meio da fé, dessa unção, custosa e pura, que aponta para a filiação messiânica do Senhor”.

          Para S. Jerônimo, Maria simboliza a Igreja. Nela, diz ele: “Vós fiéis sois chamados autênticos, porque a Igreja, congregada de todas as gentes, oferece seus dons ao Salvador, isto é, a fé dos que professam. O unguento representa a fé, dom dado a todos, que se difunde por toda a casa”. O mesmo dirá S. Beda ao interpretar o nardo puro como “a pureza da fé”, que deixou “a casa toda rescendendo o odor do perfume”. Da mesma maneira, diz ele, “sejam os fiéis, por seu exemplo e por suas palavras, o bom odor de Cristo”.

 Portanto, a unção de Betânia expressa um gesto de apreço e de carinho para com o Senhor. Também profético: anuncia sua morte próxima e a difusão do Evangelho. Assim como o vaso de alabastro se rompeu, perfumando o ambiente, do mesmo modo o perfume divino da fé se difundirá por todo o mundo. “O que fez esta mulher, proclama Jesus, será anunciado no mundo inteiro”. O perfume da fé será difundido e há de penetrar os corações dos que acolhem a Palavra do divino Mestre, levando-os a se curvarem para lavar os pés uns dos outros.

 

Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Reflexão do Evangelho de Lc 9, 51-56 - Jesus não é acolhido pelos samaritanos - Terça-feira 30 de Setembro

Reflexão do Evangelho de Jo 7,37-39 - Promessa da água viva - Sábado 07 de Junho

Reflexão do Evangelho de Lc 11, 5-13 – A oração perseverante (amigo importuno) - Quinta-feira 09 de Outubro