Reflexão do Evangelho do dia 10 de Março de 2013
Domingo – 10 de março
Lc 15, 1-3.11-32: Parábola do filho pródigo
Uma das mais belas passagens do
Evangelho sobre o rosto de Deus é a parábola do filho pródigo. Ela descreve, em
detalhes, a conduta de dois filhos e o sentimento do pai em relação a cada um
deles. O intuito de Jesus é revelar Deus como o Pai misericordioso, solícito e
pronto a perdoar e a acolher em sua inesgotável bondade os pecadores
arrependidos.
À atitude amorosa do pai opõe-se a reação
áspera e egoísta do irmão mais velho. Para este, sua misericórdia é
incompreensível. Mas o pai, apesar de o filho mais jovem ter esbanjado o
dinheiro dado por ele, dedica-lhe um amor inquebrantável e generoso. Longe, em
terras estrangeiras, o filho não deixa de sentir as marcas do amor do pai,
presentes em seu coração. Humilhado, mas arrependido, ele retorna à casa
paterna, decidido a declarar sua culpa. A solicitude do Pai, sua bondade
incansável, confunde até mesmo o filho mais velho, que voltava do trabalho. O
filho pródigo, ainda distante, vislumbra o vulto do pai, que ao percebê-lo
corre ao seu encontro. A emoção do filho é enorme. A caminho da casa paterna,
tantas ideias tinham passado por sua cabeça. Imaginava declarar sua culpa,
pedir perdão, prostrar-se aos pés de seu pai. O pai não quer moralizar ou
prescrever modos de agir. Ele simplesmente o acolhe. O filho não consegue nem
mesmo chegar ao final de suas primeiras palavras, previamente preparadas. O
amor carinhoso do pai o envolve. Pois “ao vê-lo, ele se encheu de compaixão e
se lançou ao seu pescoço, cobrindo-o de beijos”.
O perdão é tão evidente, que o pai não necessita dizer nada.
Suas ações falam mais alto e claramente. Ele manda revesti-lo de roupas
bonitas, coloca o anel em seu dedo, manda preparar um banquete em sua honra.
Proclama a vida digna e alegre de alguém que retorna ao lar. Escreve S. Cirilo
de Alexandria: “Jesus deseja trazer alegria aos fariseus, que foram chamados ao
arrependimento, ainda que tenham tido uma má reputação. Exorta-os a não
alimentar odiosa irritação contra seus coirmãos”.
Na parábola, em sua inesgotável paciência e bondade, o pai é
figura da infinita misericórdia do Pai celestial. Realiza-se o desígnio divino,
independente do pecado dos homens, seja ele infiel, como o filho pródigo, ou
egoísta, como o filho mais velho. Na acolhida, que lhe é dada, o filho mais
jovem toma consciência do privilégio de ser membro daquela família. S. Gregório
Magno, considerando a atitude dos filhos, como opções oferecidas à nossa
liberdade, comenta: “Podemos cair, pelo excesso de desejos e preocupações, abaixo
de nós mesmos ou sermos elevados acima de nós, pela graça da contemplação do
Pai”.
A atitude do pai nos enternece.
Diariamente, ele perscrutava o horizonte, esperando pelo filho. Vendo-o, vai ao
seu encontro, abraça-o e o reconduz ao aconchego do lar. Alegra-se, “porque seu
filho perdido e reencontrado se tornava mais querido, pois reencontrado. Um pai,
mais pai que Deus, não há; um mais terno, não há. Tu que és seu filho, saibas
que mesmo após ter ele te adotado, se tu o abandonas e voltas nu, ele te
receberá: ele se alegrará ao te rever” (Tertuliano).
Dom
Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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