Reflexão dos Evangelhos dos dia 26 e 27 de Março de 2013
Terça-feira / Quarta-feira – 26 e 27 de março
Jo 13, 21-33.36-38 / Mt 26, 14-25: Anúncio da traição de
Judas
Durante a última ceia, diz Jesus: “Um
de vós me entregará”. Tais palavras, justamente pela sua imprecisão, trazem
inquietação aos Apóstolos. Perplexos, entreolharam-se em silêncio. Quem será? Escreve
Orígenes: “Jesus fala, de modo geral, para provar a qualidade de seus corações,
para mostrar que os Apóstolos acreditavam mais nas palavras do Mestre, que em
sua própria consciência. Os Apóstolos eram ainda fracos, temerosos e inseguros,
pelo que perguntam, duvidando deles mesmos: ‘Sou eu, Senhor?’”
O discípulo, que Jesus amava, pergunta-lhe:
“Quem é Senhor?”. A Tradição viu neste discípulo, o próprio João, um dos três
Apóstolos escolhidos como testemunhas da ressurreição da filha de Jairo, da
Transfiguração e da Agonia de Jesus. Reflete S. Beda: “O fato de ele ter reclinado
sua cabeça sobre o peito do Mestre era sinal não só da dileção atual, mas do
mistério futuro. Como todos os tesouros da sabedoria e da ciência encontram-se
escondidos no coração de Jesus, é justo que ele repouse, em seu peito, aquele
que será repleto de sabedoria e de uma ciência incomparável”.
As palavras de Jesus: “É aquele a quem
eu der o pão, que vou umedecer no molho”, sugerem que é alguém que come do
mesmo pão. Contraste entre a comunhão à mesa dos irmãos e a traição. Judas
rompe esta comunhão. Por isso o mal
penetrará seu coração e por ele advirá a traição. Mais uma vez vemos a
paciência misericordiosa de Jesus. Ele não amaldiçoa, nem condena Judas. Suas palavras
são como um último apelo à conversão do Apóstolo. Mesmo ao dizer o terrível
“ai”, o Senhor não deixa de indicar que a responsabilidade cabe a Judas. Ele e os
demais Apóstolos estão à mercê da misericórdia divina, que não os abandona
jamais. O episódio termina com as
palavras dirigidas a Judas: “Faze depressa o que tens a fazer”.
Face ao doloroso enigma do mal
praticado, reconhecemos a opção de Judas como um ato de livre determinação
(autecsousía), que, infelizmente, atingido pelo orgulho, ganância e egoísmo, levou-o
a resvalar no pecado. O Evangelho destaca: “E era noite”. Observação que
adquire um valor simbólico dramático, evocando a hora das trevas e a ação dos
filhos do pecado. Quem anda à noite
tropeça, pois não há luz e ele não sabe aonde ir. Exclama S. Cirilo de
Alexandria: “O infeliz respira a pleno pulmão. Era “noite” sinal dos maus
desejos”.
A expressão “conforme está escrito” mostra que Jesus, ao
longo de sua missão, conserva sua soberania na doação de sua vida. Ele está
pronto a consumar-se na cruz.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
Comentários
Postar um comentário