Reflexão do Evangelho do dia 29 de Março de 2013


Sexta-feira – 29 de março

Jo 18, 25-30 – Paixão de Jesus

         

          Durante a Ceia da Quinta-feira Santa, Jesus é paz e serenidade. Suas palavras traduzem seu incomensurável amor por toda a humanidade. Subindo aos céus, para junto do Pai, ele não abandona seus irmãos. Permanece entre nós, de modo real e verdadeiro, graças à instituição da Eucaristia. Ela atualiza o sacrifício da Cruz e sua oblação ao Pai. Porém, sendo Deus, ele é verdadeiramente homem. No amor e expressando seu amor por nós, ele caminha para o Horto das Oliveiras. Em seu olhar interior, ele prevê, melhor, antevê os sofrimentos pelos quais irá passar. Seus lábios se abrem numa prece, murmúrio de uma alma aflita: “Pai, se possível, afaste de mim este cálice”. Luta interior e, ao contrário de Adão, vitória da vontade do Pai: “Não se faça o que eu quero, mas sim o que tu queres”.

          Na sexta-feira santa, preso, arrastado e vilipendiado, ele é lançado na prisão.  É a sua paixão, mais tarde, a sua crucifixão. Seus olhos não se turvam, doces e serenos se fixam em seus algozes. Já entrecortada de dores, sua voz percute, no silêncio de seus corações indiferentes: “Pai, perdoai-lhes porque não sabem o que fazem”. No ar carregado e zombador dos inimigos, prevalece a misericórdia divina. O bom ladrão dela participa: “Ainda hoje estarás comigo no paraíso”. Comoção e amor, pois, voltando-se para seu discípulo amado, recomenda: “Eis tua Mãe”, e para sua Mãe: “Eis teu filho”. Em João encontra-se representado todo verdadeiro discípulo seu, que há de reconhecê-la como sua Mãe. Olhar maternal que se estende pelos séculos. Afago de Mãe que nos abraça, consola-nos e nos anima no seguimento de seu Filho morto e ressuscitado.

           No Calvário, madeiro da cruz, o Senhor revela profunda e íntima comunhão conosco. No seio da Virgem, ele assumiu nossa humanidade e se tornou um de nós. “Tenho sede”, clama ele. E no último instante, o grito de entrega e de doação total: “Pai, por que me abandonastes?” Como homem, nada o sustenta, sente-se só. Embora rodeado de pessoas, é como se ninguém existisse. Entrega gratuita e total, entrega redentora do Filho ao Pai amado: “Pai, em vossas mãos entrego o meu espírito”. Nele somos redimidos, reconciliados, dom divino banhando nossa alma, penetrando nossa natureza humana. 

          Jesus é o nosso Salvador. Mergulhado no seu inefável mistério de amor, ouvimos as palavras de S. Gregório de Nazianzo: “Uma só gota de seu sangue renova o mundo inteiro”.  Só Deus salva. Na gratuidade absoluta, doando-se totalmente ao Pai, ele dá seu último suspiro: “Tudo está consumado”.   Escreve Orígenes: “Com plena confiança, ele confia o seu espírito nas mãos do Pai”. No abandono total, experiência de sua natureza humana, Jesus se volta para o Pai e, na gratuidade plena, se entrega a Ele. Diz S. Jerônimo: “Eis o motivo da conversão do centurião, que exclama: ‘Verdadeiramente ele era o Filho de Deus’”. Salvação, reconciliação, paz e felicidade desceram até nós, banhando nossa vida e nos transformando em arautos da Boa-Nova.    

 

Oração: “Olhai com amor, ó Pai, esta vossa família, pela qual nosso Senhor Jesus Cristo livremente se entregou às mãos dos inimigos e sofreu o suplício da cruz”. Por Cristo, nosso Senhor. Amém!

 

Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM

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