Reflexão do Evangelho de Domingo – 29 de Dezembro
Reflexão do Evangelho
de Domingo – 29 de Dezembro
Mt 2, 13-15. 19-23 –
Jesus, o Nazareu (Sagrada Família)
Após
a fuga para o Egito e a morte dos santos inocentes, advertido em sonho, José
segue as indicações divinas e se dirige à cidade de Nazaré na Galileia. O
evangelista S. Lucas a ela se refere por ocasião da Anunciação e, com
naturalidade, após a Apresentação no Templo, ao relatar o retorno de Maria e
José a uma cidade da Galileia. Região citada pelo profeta Isaías, da qual
resplandeceria uma grande luz, que o Evangelho descreve presente no início da
pregação de Jesus.
S.
Jerônimo reporta-se ao “lugar onde a terra fez florescer o Salvador, donde se elevou
o germe justo e a flor do tronco de Jessé. Lugar chamado Nazaré que em hebraico
significa: Santidade, Germe, Flor, Ramo”. No entanto, aquele que lá cresceu não
só é conhecido como Nazareno, pelo seu nascimento, mas também como Nazareu, denominação
ligada ao termo “Nazir”, que indica os que fazem votos de “nazirenato” ou se “colocam
à parte para Deus”. Nesse sentido de consagração a Deus, Jesus é chamado “Santo”,
o “Santo de Deus” por excelência. Segundo Rupert de Deutz, foi São João quem
viu este título como “essencial à identidade do Crucificado”. “Não só por ser Ele
o Salvador e Rei – títulos que lhe eram atribuídos como um crime – mas por ser
verdadeiramente o Santo, significado pela palavra ‘nazarenus’”. Aliás, no
momento da crucifixão, o mesmo evangelista nos transmite o título que identifica
a messianidade de Jesus: “Jesus Nazarenus, Rex Judaeorum”.
Mas
vamos à casa do “filho do carpinteiro” em Nazaré. Junto a Maria, que “guardava
tudo em seu coração”, aprendamos algumas lições da Sagrada Família. Maria, mãe
extremosa, e José, solícito no seu silêncio, compõem o quadro da infância de
Jesus e nos colocam na dinâmica espiritual da vida familiar. A simplicidade e a
beleza austera de Nazaré nos assinalam a tarefa prioritária da comunhão no
amor, de maneira que a família é considerada verdadeiramente como o coração da
“civilização do amor”, no dizer do Papa João Paulo II. Um imperativo torna-se
presente: viver e respeitar a grandeza da família, lugar privilegiado em que os
filhos são chamados a crescer em um ambiente de carinho e de comunhão, fundado
na caridade-doação do próprio Deus.
A casa de Nazaré
constitui para nós escola de santidade, de respeito e de solidariedade. A
Sagrada Família manifesta o universo moral da família e nos permite trilhar o
caminho da reconciliação com Deus e com os irmãos, num recíproco enriquecimento
e numa doação permanente. Aprende-se a existir (ex-istir), a sair de si, e a se
comprometer com Deus, com os irmãos e com a natureza. Valorizar a família é reconhecê-la
como o oxigênio básico e necessário para alimentar a sociedade humana. Nazaré é
a escola do Evangelho do amor e da vida.
Dom Fernando Antônio
Figueiredo, OFM
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