Reflexão do Evangelho de Segunda-feira – 09 de Dezembro
Reflexão do Evangelho
de Segunda-feira – 09 de Dezembro
Lc 5, 17-26: Cura do paralítico e perdão dos pecados
Mais
uma vez, Jesus chega à sua cidade, onde lhe “trouxeram um paralítico, deitado
num catre”. Os que o rodeiam esperam que ele seja curado. Comenta S. Hilário de
Poitiers: “É necessário examinar atentamente as palavras da cura. Ao paralítico
não é dito imediatamente: sê curado ou levanta-te e caminha, mas: ‘tem ânimo,
meu filho; os teus pecados te são perdoados’”. A cena leva-nos a sentir o
palpitar do coração amoroso do Senhor. Os gestos e as palavras refletem seu carinho
por aquele homem e por todas as pessoas que, na dor e na angústia, abrem-se à
liberdade de um amor profundo e gracioso. Jesus revela não simplesmente uma
norma, mas sim a força interior de uma vida voltada à gratuidade da presença de
Deus. Nada é oculto ao Senhor. Lendo a fé do paralítico, concede-lhe a remissão
dos pecados e, a seguir, manifestando seu poder, cura-o. O que faz S. Jerônimo
exclamar: “Com a mesma majestade e poder com que Ele conhece os nossos
pensamentos, Ele perdoa os nossos pecados”.
O paralítico expressa
o modo de ser do Senhor. Jesus se doa ao Pai, gratuita e cordialmente, apenas
atraído pela afeição, sem nada exigir, movido unicamente pelo amor. O ato de fé
proclama que Deus nos ama, não porque somos bons ou porque lhe retribuímos o
bem que ele nos faz, mas simplesmente porque ele é bom. A pureza da fé revela,
na esperança, a grandeza do amor. Daí o fato de ser constante, na vida pública
de Jesus, a íntima relação entre fé e milagre, entre fé e remissão dos pecados.
Aliás, estas relações, que destacam o poder misericordioso de Deus, sobressaem
na catequese dos primeiros séculos da vida da Igreja. Os cristãos sentem,
tocando-lhes Jesus o coração, sem nada exigir, sem de nada apoderar-se, ele é
simplesmente livre e gratuitamente misericordioso. A todos, ele dá vida nova e
a conserva, respeitando a concreta diferença de cada um.
Jesus é presença silenciosa, serena, sóbria e vigorosa da vida, na
disposição de servir a todos. Ao perdoar os pecados, os que o seguem ouvem, no
seu interior, o mandamento: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”. Pois no
amor, ele está sempre pronto a perdoar. É a cura da alma que corresponde à cura
do corpo. Ao ordenar: “Levanta-te, toma teu catre e vai para casa”, Jesus
exorta o paralítico, também cada um de nós, a seguir o caminho que conduz ao
paraíso. Com o coração ardente, colocamo-nos a caminho da união com Deus,
trilhando a via do bem, do amor, da justiça e da paz.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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