Reflexão do Evangelho de Sábado – 14 de Dezembro
Reflexão do Evangelho
de Sábado – 14 de Dezembro
Mt 17, 10-13:
Questões sobre Elias
Deus
oferece sinais e suscita profetas para despertar confiança e paz no coração de
seus filhos, preparando-os para a vinda do Messias. Entre os profetas, sobressaem
Isaías e Elias. E o novo Elias já veio, diz o Evangelho, na pessoa de S. João
Batista, o Precursor imediato do Messias, que, de modo claro e solene, anuncia
o batismo de arrependimento e de conversão. Muito a propósito, S. João
Crisóstomo refere-se ao fato de “Jesus chamar João Batista de Elias, não porque
fosse Elias, mas porque realizava o ministério próprio do profeta, convocando
todos à conversão”.
A
conversão não se reduz à dimensão espiritual, o que poderia levar a pessoa a um
álibi para permanecer acomodada ou fechada em seu egoísmo e presa à
interioridade de uma piedade subjetiva e individualista. O resultado seria uma
anemia de espírito. Ao invés, a conversão é deixar-se mover pelo vigor da alma
e do espírito, na dinâmica de uma vida orientada para Deus e para o próximo.
A
prática da conversão revela que há muitas pessoas que possuem uma vida
religiosa expressiva de comunhão com Deus. Mas há também tantas outras que
possuem uma vida interior profunda e rica sem, no entanto, manter um vínculo
propriamente religioso. Porém, a cruz surpreende a todos. Deus entrega-se à
morte para que o homem viva. Diz S. Agostinho: “Senhor, vós sois mais íntimo
que o meu próprio íntimo e mais sublime que o ápice de meu ser”. Experiência
que leva o ser humano a deparar-se com o inatingível, que não provém das
profundezas de seu ser, mas do alto como dom de uma presença inefável e
amorosa. No encontro com Deus, sua resposta será um ato de fé e de entrega, que
enche sua alma de inenarrável doçura, revestindo-o de luz e de paz.
Libertado
do peso do pecado, o ser humano se sente leve e, a exemplo do Apóstolo João, ele
repousa sua cabeça no peito do Senhor e ouve as batidas do coração humano de
Deus, que o introduz na vida divina. E no altar do seu coração, ele experimenta
a generosidade gratuita do Senhor, que, como a rosa de Angelus Silesius, “floresce
por florescer”. Nada cobra, nada exige, uma prece brota de seus lábios e, com
S. Efrém, ele sussurra: “Senhor, dá-me ver os meus pecados e não julgar o meu
próximo, porque tu és bendito por todo o sempre”. Essa transformação e grandeza
de alma não provêm de Elias nem de João Batista, mas daquele que “batizará no
Espírito Santo”, o Messias. Na ternura de Jesus, a criatura humana se torna um
ser de bendição por saber-se amado por Deus e por viver a exigência de servir o
próximo e amar os inimigos.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFm
Comentários
Postar um comentário