Reflexão do Evangelho de Terça-feira - 31 de Dezembro

Reflexão do Evangelho de Terça-feira - 31 de Dezembro
Jo 1, 1-18: Prólogo de S. João – A Palavra se fez carne
        
         O Evangelho de S. João inicia-se com um hino a Jesus, preexistente à criação, da qual ele participa com o Pai eterno: “No princípio era o Verbo e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus. No princípio, ele estava com Deus. Tudo foi feito por meio dele e sem ele nada foi feito de tudo (panta) o que existe”. Em grego, “panta”, sem artigo, significa todas as coisas e cada uma delas. Portanto, Ele é a Palavra encarnada, fonte de graça e de verdade, pelo qual tudo foi criado e, na medida em que Ele se dá a si mesmo, Ele oferece a vida. “E a vida era a luz dos homens e a luz brilha nas trevas, mas as trevas não a apreenderam” (katélaben) ou, segundo uma tradução comum aos Santos Padres, “mas as trevas não puderam dominá-la”. Dessa maneira, eles procuram salientar melhor a ideia de julgamento, um dos temas principais do Evangelho de S. João, que descreve a luta entre a luz e as trevas, e a vitória, em Jesus, da luz sobre as trevas, culminando com as palavras: “Eu sou a luz do mundo, e aquele que me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida” (8,12).
     Ao denominar Jesus “Palavra de Deus”, o Evangelista se reporta à mentalidade judaica, que vê a palavra em sua força criativa e dinâmica. Os salmos, por exemplo, proclamam: “Pela Palavra do Senhor foram feitos os céus” e o livro da Sabedoria professa o Senhor como o único que tudo criou pela força de sua Palavra (9,1) e estabelece total correspondência entre “Palavra” e “Sabedoria”. Porém, em tal contexto, o julgamento não é concebido como condenação divina, pois “Cristo é a Palavra da Vida”, exclama S. Agostinho, Palavra vivificadora e iluminadora. O desejo de Jesus é conduzir todos à comunhão de vida com o Pai e torná-los, diz S. Atanásio, “portadores do Espírito Santo”, fonte de paz, de amor e de perdão.
         “Jesus veio para o que era seu” e estabeleceu a tenda de seu corpo entre nós, o que leva S Gregório de Nissa a tecer um belo paralelo entre a festa dos tabernáculos e o mistério da encarnação. “Pois a festa das tendas ainda não tinha chegado. Mas, segundo a palavra do profeta, Deus, o Senhor de todas as coisas, revelou-se a nós para completar a construção da tenda da nossa habitação destruída, a natureza humana”. 
         No final do prólogo, mencionando o nome e o título messiânico “Jesus Cristo”, São João chega ao ponto culminante da grande sinfonia entoada por ele no início do seu Evangelho. Ao dizer que Jesus Cristo é a luz que veio para afastar as trevas do mal e iluminar todos os corações, ele conclui com a realização das promessas da Aliança selada por Deus com o seu Povo: “Eles serão meu povo, e eu, o Deus deles”. É a vitória da luz, pois os que acolhem a Palavra de Jesus são iluminados, tornam-se filhos e filhas de Deus., e são gerados não pela carne nem pelo sangue, nem mesmo pela acolhida da Palavra, mas pelo próprio Senhor. Como contrapartida, cabe-nos unicamente crer e expressar nossa fé em obras e atos de misericórdia.
          Então, uma esperança nos animará: no ano de 2014 reinarão a verdade, a justiça e a solidariedade fraterna. A todos, meu sincero abraço!


Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM

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