Reflexão do Evangelho de Sexta-feira – 20 de Dezembro
Reflexão do Evangelho de Sexta-feira – 20 de Dezembro
Lc 1, 26-38: Anunciação do Senhor
O arcanjo
Gabriel anuncia a Maria que o Espírito Santo descerá sobre ela e a cobrirá com
a sua sombra, assim como a nuvem, presença de Deus, tinha descido sobre o monte
Sinai. Por isso, aquele que nascer dela será santo e chamado Filho de Deus. Com
a resposta: “Seja feita a tua vontade”, Maria abre, por assim dizer, a
humanidade à ação santificante do Espírito divino, que preside ao nascimento de
Jesus. Nesse sentido, S. Justino e S. Irineu irão considerar esta passagem à
luz do relato do gênesis, traçando um paralelo entre Maria e Eva, “mãe de todos
os viventes”, entre o “fiat”, o faça-se da anunciação, e a desobediência dos
primeiros pais, causa decisiva do pecado original. De fato, à pergunta de Maria
“como é que vai ser isso?”, o anjo a leva à fé e à obediência, ao contrário do
anjo mau que incita Eva à desobediência e à incredulidade.
Acentuado pela Tradição antiga, também
pelos comentadores contemporâneos, tal paralelismo, longe de ser artificial,
oferece ao acontecimento um alcance absolutamente universal. Observa S. Beda:
“Como Eva trouxe no seio toda a humanidade condenada ao pecado, agora Maria
traz no seu seio o novo Adão que, com a sua graça, dará vida a uma nova humanidade”.
Aquele que nasce de Maria é um dentre nós, capaz de englobar todos nós, incluindo
todas as possibilidades de nossa humanidade, sem excluir nada de cada um, a não
ser o pecado. Por isso, não seria ousado declarar que Ele só podia fazer-se
homem nascendo da Virgem Maria, herdeira da história da salvação.
Se
na origem, houve o casal Adão e Eva, agora, no princípio da nova criação,
também há uma mulher e um homem, José, indicado como sendo “da linhagem”, “da
casa de Davi”, o que atesta o cumprimento das profecias e proclama que Jesus é
o Messias esperado e anunciado pelos profetas. Mais vigorosa ainda torna-se a
realização das profecias, pois ao dizer que “o anjo Gabriel foi enviado por
Deus”, acentua-se que ela procede do alto e que é iniciativa do Deus Altíssimo.
Eis o supremo mistério da fé cristã: Aquele que nasce da Virgem Maria é o Messias
Salvador, que, por sua natureza, é humano e divino.
A saudação inicial: “Ave, cheia de
graça” declara ser Maria efetivamente “cumulada de graça”, dom divino, não
proveniente de seus méritos, mas fruto da suprema benevolência de Deus. Por
graça divina, ela é concebida sem pecado original, o que a torna Templo ou
morada (shekinah) da glória de Deus, da qual nascerá Jesus (Yoshua, que
significa “Yah é Salvador”), o Filho do Altíssimo, cujo “Reino não terá fim”.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
Comentários
Postar um comentário