Reflexão do Evangelho de Terça-feira – 03 de Dezembro
Reflexão do Evangelho
de Terça-feira – 03 de Dezembro
Lc 10, 21-24 -
Evangelho revelado aos simples
Pôs-se
Jesus a dizer: “Eu te louvo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste
estas coisas aos sábios e doutores e as revelaste aos pequeninos”. Os termos
“céu e terra” designam toda a criação, segundo observa Santo Agostinho.
Certamente, o orgulho intelectual, a frieza de coração e o fanatismo fecham o
homem para as coisas de Deus e de seu Reino. O orgulho, aliás, é a raiz de
todos os vícios e exerce grande influência sobre nós, impelindo-nos ao pecado.
Jesus
contrasta o orgulho com a atitude de uma criança em sua simplicidade e
humildade. O simples de coração vê sem pretensões, reconhece sua dependência de
Deus e nele confia. As vocações de Davi e de Jeremias são dois exemplos, entre
tantos outros, da predileção de Deus pelos pequenos e simples. Davi era um
jovem pastor quando foi escolhido por Ele para ser rei de Israel. De origem
camponesa, Jeremias não passava de um
jovenzinho quando, por intervenção divina, foi consagrado como o “profeta das
nações”. Deus se opõe aos orgulhosos e dá sua graça aos humildes.
Jesus
rende graças ao Pai, porque diz Ele: “Escondeste estas coisas aos sábios e
inteligentes e as revelaste aos pequeninos”. E, mais adiante, acrescenta:
“Ninguém conhece quem é o Filho senão o Pai, nem quem é o Pai senão o Filho, e
aquele a quem o Filho o quiser revelar”. O verbo conhecer, em seu sentido
bíblico, exprime aqui a comunhão tanto no pensar como no querer. A designação “Filho
de Deus” não é um simples título, mas uma intimidade, uma comunhão total e
perfeita de Jesus com o Pai.
Portanto, é na intimidade com Deus que os
simples e pequeninos são introduzidos, quando ouvem e aceitam com fervor as
palavras de Jesus. No dizer de São Gregório de Nazianzo, outro que desde
pequeno demonstrou inclinação para a vida mística, “o Senhor se faz pobre;
suporta a pobreza de minha carne para que eu alcance os tesouros de sua
divindade. Ele tudo tem, de tudo se despoja; por um breve tempo se despoja
mesmo de sua glória para que eu possa participar de sua plenitude”. Eis a maior
riqueza comunicada por Jesus à humanidade: fazer parte da glória, da vida
íntima do Pai.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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