Reflexão do Evangelho de Segunda-feira – 30 de Dezembro

Reflexão do Evangelho de Segunda-feira – 30 de Dezembro
Lc  2, 36-40 – Apresentação de Jesus - Profecia de Ana
        
         As palavras iniciais, “concluídos os dias da sua purificação”, são uma proposição circunstancial, utilizada pelo Evangelista para mostrar a conformidade legal da Sagrada Família e, ao mesmo tempo, para anunciar Aquele que “veio para cumprir a Lei e os profetas”. Tal cumprimento não se limita à observância material da Lei, mas se estende à futura vida pública de Jesus, na qual ele realizará a Lei em seu verdadeiro sentido, “segundo o Espírito”, que inspirou Moisés.
A frase seguinte é também significativa: “Levaram-no a Jerusalém para apresentar ao Senhor”. Duas pessoas se encontram com a Sagrada Família: Simeão, a quem fora revelado que não veria a morte antes de ver o Messias, e Ana que representa as profetizas do Antigo Testamento: Miriam e o cântico guerreiro da passagem do Mar (Ex 15), Débora e seu hino de vitória (Ju 4-5), Hulda e sua implacável profecia da queda de Jerusalém, apesar do arrependimento e da reforma de Josias (2 R 22-23). Os dois falam com palavras ardentes sobre o futuro de Jesus: um, dizendo que Ele seria uma bênção para todas as nações; outro, referindo-se  aos sofrimentos e perseguições que Ele enfrentaria.
Ana, cujo nome significa “Deus dá a graça”, é apresentada de modo bem discreto. Ela é filha de Fanuel, “Deus é luz”, e suas palavras proféticas descrevem o tempo messiânico como luz da alegria, da graça e da benevolência de Deus. Pois os desígnios de Deus não são arbitrários, mas conduzem, ao longo da história, à misericórdia inaudita, que será manifestada em Jesus como jamais acontecera até então. Através destas duas pessoas, Simeão e Ana, entregues à oração e ao serviço do Templo, antevê-se a luz que irá brilhar em nossos corações e em nossos espíritos.
       De fato, Ana toma a criança em seus braços e diz ser Jesus a redenção (lutrôsis) de Jerusalém. O termo redenção ou libertação sugere a ideia de resgaste. Aliás, a cena da Apresentação de Jesus no Templo quer expressar precisamente que Ele haverá de ser oferecido em resgate pela libertação de Jerusalém, não só da cidade de Jerusalém, mas daquela que  reúne todos os que o acolhem e, finalmente, da Jerusalém celeste, presença da salvação dos tempos finais.


Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM

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